O deputado federal Cícero Almeida (PMDB-AL) já articula para abandonar o partido. Depois de receber ampla ajuda de Renan Filho e Renan Calheiros durante as eleições para a prefeitura de Maceió, em 2016, Almeida vai para o PTN. O que significa que o ex-prefeito de Maceió vai mudar de partido pela nova vez ao longo de sua carreira política de 17 anos. Mas tudo isso tem uma razão: é claro que por mero interesse pessoal. Cícero quer mudar de partido pela promessa do Planalto de poder indicar a Superintendência Estadual da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Alagoas.
A decisão de Almeida de pular fora do PMDB dos Calheiros ocorre no momento em que o senador Calheiros e seu filho governador enfrentam um momento crítico na avaliação perante o eleitorado e a opinião pública. A nova pulada de galho partidário de Ciço, já foi comunicada ao seu padrinho Renan Calheiros. Em resumo, Ciço desprezou Renan em busca do tão sonhado comando estadual de um partido.
O fato de Cícero ter ficado inelegível no mês seguinte à sua derrota por seu envolvimento na Máfia dos Taturanas não muda os planos políticos do parlamentar. Em novembro, o Tribunal de Justiça de Alagoas condenou o peemedebista a ressarcir R$ 195 mil aos cofres públicos, por ter feito empréstimos ilegais avalizados e pagos com recursos da Assembleia Legislativa de Alagoas, descobertos pelas investigações da Operação Taturana, deflagrada em 2007.
Nos bastidores da política, Ciço quer manter as aparências de que não há um rompimento com Renan, nem com o Renan Filho, com quem protagonizou a singela cena dos rostos colados, durante o ato de filiação ao PMDB, em 18 de março de 2016. O deputado que deixará o PMDB sem um único representante na bancada alagoana da Câmara dos Deputados levou a presidente nacional do PTN, deputada federal paulista Renata Abreu para conversar com Renan, há cerca de duas semanas, já depois da abertura dos quatro novos inquéritos da Lava Jato contra o senador e dos dois primeiros contra seu filho governador.
Mas, na realidade, nem Ciço apresenta mais o potencial de votos desejado pelo padrinho; nem Renan tem condições de oferecer garantias de poder político como imaginava ter seu afilhado. E, sem voto nem poder, acabou a liga na aliança. Ciço responde a processo na Justiça Eleitoral por infidelidade partidária, por ter deixado, em 2015, o PRTB que o elegeu deputado federal em 2014, com a penúltima votação entre os eleitos, com 64,4 mil votos.
Quando saiu do PRTB, ainda ingressou voltou ao PSD, antes de ser convidado a ingressar no PMDB, com a promessa de Renan de apoiá-lo para prefeito de Maceió. E foi derrotado no 2º turno por uma diferença de 20,5 pontos percentuais para Rui Palmeira. Apesar do histórico de trocas de siglas partidárias, o deputado Ciço nunca teve o comando estadual de um partido em Alagoas. Porém, já em 2015, o deputado Ciço manteve o comando informal do PTN no Estado, apesar de mantê-lo sob as rédeas do cacique peemedebista Renan Calheiros.
Segundo o site Diário do Poder, somente será dado a Cícero Almeida o poder de indicar o comando da superintendência da Funasa em Alagoas, quando for oficializada sua filiação ao PTN. A mudança fará o senador Benedito de Lira (PP) perder a indicação de Domício Silva, atual superintendente da Funasa. O senador conhecido como Biu é rival de Renan e presidia o PP, quando o então prefeito Ciço era filiado à sigla e apoiou a reeleição do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), outro adversário do ex-presidente do Senado.