Muitos têm estranhado a radical mudança de posição de Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do seu partido no Senado, em relação ao Governo do Presidente Michel Temer, seu companheiro de partido. Para o Senador Roberto Requião (PMDB-PR), Calheiros nada mais tem feito do que ouvir a voz das ruas para se manter vivo na política nacional, Requião analisa o atual comportamento de Renan, o mais novo aliado das lideranças sindicais que se opõem ao Governo Michel Temer:
“Renan [Calheiros] depende do voto popular. Ele hesitou muito em apoiar o golpe parlamentar que colocou Michel Temer no Governo. Ele está sentindo muito de perto, com a sua sensibilidade, a destruição absoluta da popularidade do Governo em que Michel Temer, numa pesquisa espontânea, numa suposta eleição para a Presidência da República, tem 1,1% [de intenção de votos], e ele mesmo sente no seu Estado o desgaste absurdo que causa ao partido e a ele também essa política rigorosamente inaceitável pela população. Ou melhor, rejeitada por 92% da população brasileira nas pesquisas mais recentes. Então, Renan se adequa à posição popular, escuta a voz das ruas e passa, numa posição clara, de atendimento às reivindicações populares e de sobrevivência pessoal e partidária, a se opor a esse desgaste e a esse absurdo.”
Crítico, como Renan Calheiros, das reformas encaminhadas ao Congresso pelo Governo, Roberto Requião espera que seus colegas de Parlamento rejeitem as duas propostas: “Eu espero que as reformas previdenciária e trabalhista não sejam aprovadas pelo Congresso Nacional. Porque elas são uma regressão à Idade Média. Elas eliminam toda perspectiva de avanço do Brasil no caminho do Estado Social. O Estado que se preocupa com as pessoas, com as minorias, com trabalho, com meio ambiente e sustentabilidade. Elas são reformas propostas pelo grande capital, pelo capital financeiro e por alguns interesses externos que querem levar o Brasil a uma globalização sob o comando do capital financeiro. Eu diria que as propostas, do ponto de vista social, são infames e rigorosamente inaceitáveis.”
O Senador Roberto Requião também diz como percebe em seu partido, o PMDB, a repercussão de sua posição contrária às reformas: “Eu acho que repercute bem. O presidente da República não está seguindo a cartilha do PMDB. O PMDB é o Partido da Redemocratização do Brasil, o Partido da Constituição Cidadã, de Ulysses Guimarães. As propostas do Governo, hoje, podem ter origem nos interesses do capital financeiro. Elas não têm nenhuma base e nenhum suporte no velho PMDB, o partido que tinha como referência um documento intitulado ‘Esperança e Mudança’ e que consolidava no Brasil o Estado Social.”