Apesar das divergências entre os dados divulgados pelos gestores e o número real de desabrigados em Alagoas, a Defesa Civil Estadual descarta – pelo menos por enquanto – suspender os decretos de emergência nos municípios atingidos pelas chuvas.
De acordo com Moisés Melo, coordenador do órgão, os decretos não serão revogados porque o “desastre ainda está em evolução”. Ele afirma que os recursos enviados pelo governo federal deverão ser utilizados para ações emergenciais nestas cidades.
“Esse desastre ainda está em evolução e, consequentemente, podemos ter que solicitar recursos específicos para ações de revitalização. Por isso que a maioria dos municípios não terá seu decreto revogado. Mas, a partir de semana que vem, teremos equipes para avaliar essas situações”, explicou durante coletiva no Palácio República dos Palmares.
Segundo ele, as ações de enfrentamento acontecem em duas fases. “A primeira foi a emergencial. Essa parte preventiva funcionou muito bem. Agimos antes de a tragédia acontecer e por isso tivemos números tao altos de desalojados. Agora, acontecem os trabalhos de reconstrução das cidades atingidas”, acrescentou.
AVALIAÇÃO
Questionado sobre o fato de o Ministério Público Estadual decidir investigar divergências entre os números informados e os números reais de desabrigados, o coordenador da Defesa Civil afirmou que é cedo para fazer uma avaliação e que será necessário observar cada caso.
“O Ministério Público não se precipitou. Ouvi a declaração do promotor José Carlos Malta Marques e ele falou de apenas um município [com possíveis irregularidades]. Não podemos fazer pré-julgamentos e ele não fez isso. Tenho plena confiança que essa força tarefa vai ser justa com cada situação”, ponderou Moisés Melo.
Na oportunidade, o presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Hugo Wanderley, saiu em defesa das prefeituras e tentou minimizar as divergências encontradas, alegando que o número de desabrigados varia à medida que as chuvas diminuem.
“O desencontro dos números na questão dos desalojados já era esperado, porque os prefeitos agiram com precaução e eficácia, retirando as famílias das áreas de risco antes que acontecesse algo pior. À medida que os leitos de rios vão diminuindo, as famílias estão retornando às suas casas. Os números de hoje já não são os de amanhã. Tem que ser feita uma apuração caso a caso”, frisou o representante dos municípios.
O secretário de Estado da Comunicação, Ênio Lins, destacou lembrou que os municípios ainda não utilizaram os recursos destinados pela União. “O que tem chegado é fruto das doações organizadas pelo governo estadual e por instituições não governamentais. Não houve nenhum gasto com os recursos federais”.