Médicos faziam falsos diagnósticos para roubar dinheiro do SUS

A Polícia Federal fez buscas na terça-feira (13) no prédio do Instituto Oftalmológico de Alagoas (Iofal), no Benedito Bentes, em Maceió. A Operação Hoder, que investiga o desvio de verba federal para o tratamento de glaucoma, prendeu três pessoas suspeitas de participar do esquema.

Um dos alvos é o médico André Born, sócio do Iofal. O médico e empresário, atualmente residindo em Goiânia, onde mantém também uma clínica de oftalmologia foi secretário adjunto de Saúde de Maceió, de 2011 a março de 2012, gestão de Cícero Almeida Foi naquele período que o Ministério da Saúde apontou supostas irregularidades em procedimentos realizados pela empresa.

Além da capital alagoana, as investigações também aconteceram nas cidades de Marechal Deodoro (AL), Itabaiana (SE), Brumado (BA) e Goiânia (GO).

O nome dado à operação é de um personagem da mitologia nórdica, um deus cego, referência à natureza dos ilícitos investigados, uma vez que os recursos desviados seriam destinados ao tratamento de doença que pode levar à cegueira.

Em outubro de 2016, a PF instaurou inquérito policial para investigar desvio de verbas do Programa Nacional de Combate ao Glaucoma e da Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade nos estados onde acontece a operação.

Segundo as investigações, foi constatada a existência de uma organização criminosa responsável por lesar a União, através do SUS, prestando informações divergentes sobre atendimentos médicos e fornecimento de medicamentos para tratamento de glaucoma. A PF diz que empresas ligadas aos investigados receberam dinheiro a mais do que deveria ter sido repassado.

Conforme o superintendente da PF em Alagoas, Bernardo de Torres, a empresa diagnosticava pessoas sadias com a doença para que os colírios que são repassados pelo governo federal fossem distribuídos. Em seguida, eram prescrevidos três colírios, mas apenas dois deles eram entregues ao paciente. O terceiro remédio não era entregue e a polícia suspeita que seriam revendidos a pacientes particulares.

“Algumas testemunhas foram ouvidas e disseram que recebiam dois colírios, mas assinavam no comprovante de recebimento três, e os funcionários dessa clínica justificavam que estava em falta os colírios e eles deveriam ir lá pegar depois, eles iam lá e nunca recebiam esse colírio”, revelou o delegado.

Foi constatado também que as irregularidades ocorreram entre os anos de 2014 e 2016, entretanto, algumas práticas criminosas ocorriam até hoje, de acordo com a PF. Uma empresa investigada em Maceió recebeu cerca de R$ 16 milhões do SUS para custear consultas e fornecimento de colírios.

Em auditorias passadas feitas pelo Departamento de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), foi constatada irregularidades e foi determinado que houvesse o ressarcimento de mais de R$ 9 milhões.

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