De todos os hospitais brasileiros, apenas 24%, incluindo o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, apresentam condições de tratar vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Para se ter ideia da resolutividade do maior hospital público do Estado, dos 3.101 alagoanos internados no ano passado para tratamento de derrame, 1.486 estiveram na Unidade de AVC do HGE, o que corresponde a 48% do total.
O número segundo a neurologista Simone Silveira, comprova que o HGE está preparado para tratar com eficiência as vítimas de AVC. E, para isso, a equipe multiprofissional do hospital está em constante treinamento, visando qualificar a assistência aos alagoanos acometidos por um derrame.
Somente na unidade especializada para assistir pacientes com AVC do tipo isquêmico, quando não há ruptura da artéria, 696 usuários foram admitidos desde a sua implantação, há dois anos. Destes, 54 necessitaram receber o trombolítico, medicamento indicado para dissolver o coágulo antes dea ocorrência de lesão cerebral irreversível, conforme a Portaria nº 664 do Ministério da Saúde (MS), de 12 de abril de 2012.
“A portaria indica que o socorro no hospital não pode ultrapassar os 25 minutos, quando o paciente está em janela, ou seja, com a certeza do atendimento estar acontecendo dentro do período de 4h30 após o início dos sintomas. Para isso, nós não treinamos apenas os profissionais das nossas portas de entrada, mas abrimos diálogo com as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] e com o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], a fim de que, na suspeita da doença, transfiram o doente de forma imediata, com aviso prévio para a rápida preparação da nossa equipe”, salienta a médica Simone Silveira.
Constatação
A prova viva dessa agilidade é o aposentado Valdemar Eugênio da Silva, de 74 anos. Fumante, hipertenso e apreciador de bebida alcoólica, ele chegou ao HGE após ser encaminhado pelo Ambulatório Denilma Bulhões, no último dia 29 de julho, às 12h40. Avaliado pela classificação de risco na Área Azul, ele foi logo levado à tomografia, onde encontrou os profissionais da UAVC para assistir a realização do exame. Após 30 minutos, ele já estava sendo preparado para receber o trombolítico.
“Eu estava em casa jogando baralho com meu vizinho, quando de repente perdi as forças de todo meu lado esquerdo. Meu amigo me deitou na cama e chamou minha filha, que veio me acudir. Eu não me lembro de muita coisa, só que não conseguia falar, a língua estava toda embolada. Mas posso afirmar que fui e estou sendo muito bem atendido aqui no HGE. Estou até surpreso, porque se não fosse todo esse empenho dos profissionais, eu estaria morto”, diz Valdemar, pai de cinco três filhos.
A causa do AVC no aposentado está sendo investigada, mas sabe-se que foi do tipo isquêmico, forma mais frequente e que representa 80% dos casos de AVC no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Enquanto os exames são repetidos e os estudos aprofundados, ele permanece internado e sendo avaliado constantemente por uma equipe multidisciplinar.
“Nossa expectativa é de que ele tenha alta em breve, com todos os movimentos restabelecidos e levando consigo todas as informações sobre sua saúde relevantes à continuidade da assistência pela atenção básica”, disse a médica Simone Silveira. O AVC ocupa, de acordo com o Ministério da Saúde, o segundo lugar no ranking entre as enfermidades que mais causam óbitos no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares.