O jornalista Mauro Lopes usou sua coluna para expôr mais um esquema do governo Bolsonaro. Ele afirma que os aplicativos Whatsapp e Telegram, que foram instrumentalizados pela extrema-direita para espalhar mentiras e o reino do terror no país, são também veículos pelos quais o país está sendo informado da trama sórdida que levou Jair Bolsonaro ao poder e o que está fazendo em seu governo.
A Vaza Jato e, agora, uma mensagem do auditor fiscal José Alex Nóbrega de Oliveira, desnudam quem são Sergio Moro, Deltan Dallagnol e Jair Bolsonaro e a verdadeira face da Lava Jato e do governo neofascista-bolsonarista.
O jornalista diz ainda em sua coluna que “da Vaza Jato todos sabemos e, neste domingo (18), veio à luz uma informação que deveria derrubar imediatamente Moro, Dallagnol e o chefe do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Roberto Leonel, que compunham o “trio de ferro” da Lava Jato. Leonel, instado por Dallagnol e Moro, investigava ilegalmente dados fiscais de pessoas vítimas dos algozes da Lava Jato. É crime gravíssimo. Como esta quadrilha está ainda em seus cargos e no serviço público? ”
Para ele, desde o último sábado as entranhas do governo Bolsonaro foram expostas ao Brasil: numa mensagem que carrega a força de sua origem, a cúpula da Receita Federal, sabemos de maneira praticamente oficial que o clã Bolsonaro chegou à Presidência para colocar as milícias sob a proteção do Estado.
Milícias são paramilitares formados em sua maioria por PMs ou ex-PMs e igualmente por agentes e ex-agentes de outras forças armadas do Estado, formadas com o objetivo de cometer todo tipo de crimes: da extorsão aos assassinatos, do controle do tráfico de drogas à especulação imobiliária ilegal, à instalação de um reino de terror nas favelas e periferias, especialmente no Rio de Janeiro.
A mais notória das milícias, o Escritório do Crime, é comandada pelo ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, foragido, intimamente ligado ao clã Bolsonaro, assim como outro ex-PM, também miliciano e foragido, o caixa da famiglia, Fabrício Queiroz.
Pois bem. O que revelou a seus colegas o auditor fiscal José Alex Nóbrega de Oliveira, que ocupa o estratégico cargo de delegado da Alfândega do Porto de Itaguaí, na Zona Oeste do Rio? Sua substituição está decidida, por decisão emanada do clã, para colocar no posto um apaniguado do bolsonarismo, numa “indicação política”, como escreveu Oliveira numa mensagem pelo Whatsapp a um grupo de altos funcionários da Receita Federal.
Na mesma mensagem, ele relatou que o superintendente da Receita Federal, Mário Dehon, protestou contra a indicação e recusou-se a executar a ordem; por isso, está ameaçado de demissão sumária. “Em represália a essa atitude [a recusa da nomeação do indicado do clã], o mesmo está ameaçado de exoneração”, digitou.
O auditor sob a mira do bolsonarismo explicitou a seus colegas a razão da pretendida substituição: o porto de Itaguaí é um importante centro de entrada de mercadorias vindas da China e exportação para a Europa. E aduziu que a região é “fortemente dominada por milícias”. Não é difícil imaginar que tipo de mercadoria passará a ter acesso livre pelo porto de Itaguaí se a indicação do bolsonarismo milicano for efetivada.
Assim estamos: o Whatsapp e o Telegram, fartamente utilizados pela extrema-direita para solapar as bases da democracia e instalar o neofascismo submetido aos interesses do Império no poder, são também neste momento “mídias da verdade”.
Espanta a passividade da sociedade brasileira diante do assalto ao poder por duas quadrilhas consorciadas, o clã Bolsonaro e a Lava Jato.
O mundo encara o Brasil com espanto, repugnância e horror e indaga-se: como as elites deste importante país podem ter apoiado e ainda dar sustentação a um projeto de poder abertamente criminoso?
O país está ladeira abaixo. Até quando? (Brasil 247)