Com a prorrogação do decreto estadual, comerciários têm grandes prejuízos
A pandemia de coronavírus instalou uma grande crise mundial. O período de quarentena com as medidas preventivas de paralisação de atividades e fechamento de estabelecimentos atingiu em cheio o setor econômico do país. Em Alagoas não é diferente. Desde o primeiro decreto de emergência, os comerciantes buscam meios para lidar com o prejuízo.
No último domingo, 5, o governador Renan Filho (MDB) prorrogou mais uma vez o período de isolamento social, estabelecendo a reabertura das lojas comerciais apenas para o dia 20 de abril.
O presidente da Aliança Comercial, Guido Júnior, afirma que é preciso respeitar a determinação do governo, mas que, infelizmente, muitos estabelecimentos fecharão suas portas. “A expectativa é a pior possível. No centro de Maceió, serão mais de 1.800 pessoas demitidas e algumas lojas já estão fechando e não vão voltar a funcionar”, concluiu.
Em meio à crise, a solução para alguns empresários foi dar férias coletivas para os funcionários para tentar conter gastos. Novas estratégias devem ser estudadas pelos comerciantes para o retorno das atividades. “Primeiro temos que saber quando iremos retornar às atividades e, assim, traçarmos estratégias”, reforçou Guido.
O economista Cícero Péricles explica que o fechamento impacta diversos setores da economia e os que mais sofrem são as micro e pequenas empresas, pelas dificuldades de venda de seus produtos ou serviços e a dificuldade de crédito, além da concorrência intensa na sua área de clientela de proximidade.
“Os setores de comércio e serviços representam 72% da economia alagoana e foram os segmentos mais afetados pelo decreto governamental, na medida em que a maior parte de seus negócios não são serviços essenciais. Fechando o comércio e o setor de serviços, com exceção para a rede alimentar (mercadinhos, supermercados, padarias etc.), farmácias e postos de gasolina, os demais segmentos sofrem muito, principalmente aqueles que dependem do atendimento presencial, como as lojas e os escritórios; e do consumo no próprio local, como bares e restaurantes”.
Segundo ele, as empresas vêm adotando estratégias para superar a crise, como o teletrabalho, por exemplo, e a exploração de outros serviços. “O comércio está criando formas novas de entrega, utilizando os aplicativos, divulgados nas redes sociais; o varejo popular utilizando a estratégia da “meia porta” aberta, que atende a clientela da vizinhança, das ruas próximas do bairro de forma quase artesanal, mas que alivia um pouco o caixa desses negócios; ou seja, de alguma forma o comércio e serviços vão tocando o negócio”, disse.
Com a perspectiva do Ministério da Saúde (MS) de que a pandemia no país dure pelos próximos dois meses, o economista acredita que o comércio alagoano pode se recuperar e que as medidas adotadas pelo governo federal ajudem a minimizar os danos.
“Segundo o próprio Ministério da Saúde, a pandemia deve passar no mês de maio, ou seja, dentro de dois meses. Até lá será esse sufoco, que está sendo amenizado por duas medidas importantes, que entraram em vigor esta semana: a renda básica emergencial, que garante a subsistência da maioria das famílias pobres, dos trabalhadores informais, dos microempreendedores individuais, dos desempregados; e do crédito para pagar a folha de pessoal de empresas de pequeno e médio porte, com faturamento entre 360 mil e 10 milhões de reais anuais, garantindo a sobrevivência da empresa e o emprego de milhares de pessoas. Para uma economia como a alagoana, estas duas medidas atendem às necessidades básicas da maioria esmagadora das famílias, garantem o emprego de muitos trabalhadores e a sobrevivência, com dificuldades, dos milhares de negócios”, finalizou.