Ex-superintendente do Trabalho de Alagoas, Israel Lessa, analisa a situação atual no estado
A quarentena imposta no Estado de Alagoas para conter a proliferação do covid-19, tem causado bastante dor de cabeça a muitos empresários e microempreendedores que estão lutando para que seus negócios não sejam prejudicados. Essa crise está afetando não só esses empreendedores, mas também seus colaboradores, sendo eles diretos ou indiretos, pois o fluxo de muitos estabelecimentos, mesmo os que estão funcionando via delivery, diminuiu bastante nos últimos dias.
A situação de muitos empresários na capital é praticamente a mesma. Manter as portas abertas apenas com o delivery não ajudou, pois segundo a maioria dos empresários ouvidos o retorno é muito baixo. “A tristeza que sinto na fala deles é muito grande. Eles não enxergam outra saída além de futuras demissões e em alguns casos fechar as portas, até que apareça uma solução para salvá-los”, conta Israel Lessa, advogado e ex-superintendente do Ministério do Trabalho em Alagoas, que tem acompanhado de perto a situação de algumas dessas empresas.
Segundo ele, muitos se sentem abandonados pelos governantes e se enxergam numa situação desesperadora, preocupados com o salário dos funcionários, impostos e custos como: aluguel, energia, água e outros necessários para manter a empresa funcionando. “O cenário se mostra muito incerto sobre o futuro e isso é o que mais nos preocupa”, revela o proprietário de uma pizzaria da parte baixa da capital que prefere não se identificar.
Lessa teme que muitos desses não consigam se recuperar após a crise. “É cada um por si nesse barco. Existe uma união entre eles, mas não há até o momento apoio do governo do estado para essa categoria que tem sofrido duramente com essa crise”. Ele pontua que esses empresários estão buscando alternativas de divulgação, através de redes sociais ou de figuras públicas da capital, para ganhar visibilidade, na tentativa de impulsionar as vendas e reduzir os impactos dos prejuízos.
Um grande grupo de entregadores tem atuado por toda capital, já que muitos estabelecimentos estão funcionando através de delivery e aplicativos como iFood. Mas ele enfatiza que, segundo esses profissionais, não houve um diálogo por meio do governo sobre cuidados que deveriam adotar nas entregas. “Receberam informações dos meios de comunicação e algumas instruções no ato da entrega, muitas vezes através dos clientes. Estão expostos ao vírus nas ruas, mas não são considerados como profissionais essenciais nesse momento”, conta em tom de preocupação.
Há um movimento para que a categoria também seja incluída nos grupos prioritários na campanha de vacina contra a gripe, a exemplo do que o Ministério da Saúde fez com outros profissionais essenciais.
Israel defende que é essencial valorizar os pequenos negócios, para que esses empresários possam sobreviver a essa crise. “Se você precisa comprar itens básicos para sua casa, tenta procurar um pequeno negócio, para que sua compra por mais simples que seja possa ajudá-lo e que no pouco a pouco ele possa também aliviar os prejuízos causados pela crise”, conclui. Para Lessa essa é uma das principais alternativas para minimizar os impactos causados pelo covid-19 no bolso do trabalhador brasileiro.
Texto por Assessoria