No dia 25 de março, o Governo Federal autorizou a administração dos medicamentos no combate ao coronavírus
Na noite desta terça-feira, 14, o governador Renan Filho anunciou, por meio de suas redes sociais, a regulamentação do uso da substância cloroquina para o tratamento de pacientes infectados por Covid-19. A decisão foi oficializada através de portaria no Diário Oficial do Estado de Alagoas (DOE).
Há 20 dias o Ministério da Saúde (MS) autorizou o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no Brasil, mas Alagoas ainda não tinha adotado os medicamentos. Após cobranças de parlamentares da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) por falta de iniciativa do governo estadual, Renan Filho (MDB) decidiu protocolar a recomendação para uso dos remédios.
De acordo com o governador, o Estado disponibilizará a medicação e a prescrição será decidida pelos médicos. “Na batalha utilizamos armas disponíveis e nosso inimigo é o vírus”, disse em postagem no twitter.
Ainda segundo a portaria nº 3264/Sesau, a medicação deverá ser aplicada num período de cinco dias. O paciente que decidir pelo tratamento precisará assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que vai conter as informações sobre o procedimento, os efeitos colaterais e o provável resultado da medida. O médico responsável pelo tratamento também deverá assinar o TCLE.
Inicialmente, o Ministério da Saúde liberou a indicação para os casos mais agravados, quando se tem um quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave e há um comprometimento do sistema respiratório provocado pela ação do novo coronavírus. Na mesma semana em que autorizou a medicação, o MS começou a distribuir aos estados, inclusive para Alagoas, 3,4 milhões de unidades de cloroquina.
No dia 30 de março, o Poder Legislativo Estadual aprovou um requerimento do deputado Davi Maia (DEM), que pedia ao Governo do Estado a compra destas drogas a serem usadas no trato dos pacientes com a Covid-19 em Alagoas. Ele considerou, para fazer o pedido, os protocolos adotados por outros países (França e Estados Unidos, por exemplo) e pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo, que já usam estes medicamentos, e os resultados têm sido eficazes.
O uso destes remédios é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde que os primeiros casos surgiram no País. O chefe da nação chegou a falar sobre o assunto em diversas ocasiões, inclusive em pronunciamentos feitos em cadeira de rádio e TV, mas foi amplamente criticado, lá no começo, por falta de estudos científicos aprofundados acerca da eficácia concreta destas substâncias no combate ao novo coronavírus. A pesquisa ainda não está fechada, mas já demonstrou que a administração da cloroquina tem obtido resultados favoráveis.
Hidroxicloroquina
Testada com aparente sucesso em diversos ensaios clínicos na China e na França, o medicamento tem a vantagem de já ser aprovado para uso em seres humanos há décadas, sendo produzido em quantidades apreciáveis para tratar malária e doenças autoimunes (nas quais o organismo se volta contra si mesmo), como artrite reumatoide e lúpus. O uso indiscriminado contra a Covid-19 também traz a preocupação de que o medicamento acabe faltando para pessoas com essas doenças.
Já se sabe que a substância é capaz de modular o sistema de defesa do organismo, o que poderia ajudar o organismo a combater o vírus sem reagir a ele de maneira desmedida, o que também pode ser um problema. Também há indícios de que ela dificultaria a entrada do vírus nas células humanas.
Em alguns testes, a hidroxicloroquina foi usada em combinação com o antibiótico azitromicina, que ajudaria a impedir que bactérias já presentes no organismo se aproveitassem da debilidade causada pelo vírus para agravar a pneumonia sofrida pelo paciente.
Alguns testes, porém, não mostraram grandes benefícios do uso se comparado ao tratamento padrão ou com medicamentos antivirais, dependendo do estágio da doença em que o remédio é administrado.
Efeitos colaterais e contraindicações
Pacientes com problemas de coração, psoríase e diabetes devem ter cuidado com o uso. Os efeitos colaterais podem incluir náuseas, diarreia, vômitos e dores de cabeça. Também pode afetar a retina com o uso crônico (de longo prazo).