Em Brasília, presidente Bolsonaro comparece ao ato em frente ao Quartel-General do Exército; em Maceió, dezenas de pessoas foram ao 59º BIMTz protestar
Neste domingo, 19 de abril, data em que é comemorado no Brasil o Dia do Exército, simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro foram protestar em frente aos quartéis de diversas cidades no país. Contrariando as orientações de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a propagação do coronavírus, dezenas de pessoas se aglomeraram em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Em Maceió não foi diferente, muitos compareceram ao 59º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMTz), no bairro do Farol.
O manifestantes pediam intervenção militar, com a volta do Ato Institucional nº 5 (AI-5), aplicado durante a ditadura militar mediante retirada de direitos civis. Clamavam ainda pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), bem como o fim do isolamento.
Bolsonaro, que já tem o costume de descumprir as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde, discursou durante o ato em Brasília. Foi a maior aglomeração provocada pelo presidente desde o início da adoção de medidas contra a pandemia no Brasil. Do alto de uma caminhonete, o chefe do Executivo nacional disse que ele e seus apoiadores não querem negociar nada e voltou a criticar o que chamou de “velha política”.
“Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder”, declarou o presidente.
Antes desse discurso, manifestantes gritavam palavras de ordem como “Fora, Maia”, “AI-5”, “Fecha o Congresso”, “Fecha o STF”. Pouco depois, o presidente postou em uma rede social um trecho do discurso em que diz aos apoiadores: “Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil”.
Nas redes sociais, muitos criticaram a ação do presidente e de seus apoiadores. Alguns, inclusive, observaram que Bolsonaro tossiu bastante durante sua passagem pelo ato em Brasília, além do fato de ele não usar máscara de proteção, nem seguir o protocolo de prevenção, como cobrir a boca com o braço ao tossir e evitar levar a mão à boca.
“Bolsonaro tossiu diversas vezes em manifestação hoje, 19, em Brasília. Presidente incentiva aglomeração contra isolamento social em tempos de coronavirus. Retrato do Brasil irracional que se perde a cada dia em meio à guerra política”, lamentou o jornalista Vítor Magalhães em seu perfil no Twitter.
“Lamentável que o Pr adira a manifestações antidemocráticas. É hora de união ao redor da Constituição contra toda ameaça à democracia. Ideal que deve unir civis e militares; ricos e pobres. Juntos pela liberdade e pelo Brasil”, comentou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Twitter.
O governador de São Paulo, João Doria, também se pronunciou contra o presidente. “Manifestações a favor do coronavírus surgiram como ato de sabotar o trabalho de profissionais da saúde. No Brasil, alguns insistem em tratar a doença como se ela escolhesse cor partidária. São aliados da doença”, frisou o governador. Na capital paulista, os protestos pediam o afastamento de Doria.
Em Maceió
Um grupo de pessoas se aglomerou na tarde deste domingo em frente ao 59º BIMTz, no bairo do Farol. Grande parte dos presentes era formada por idosos e alguns com camisetas ligadas a instituições das forças armadas. A Polícia Militar e a Superintendência Municipal de Trânsito (SMTT) foram acionadas para retirar a multidão do local, em razão do decreto estadual que impede aglomerações devido à pandemia de Covid-19.
Alguns manifestantes portavam bandeiras do Brasil, outros vestiam camisas da seleção brasileira. A maioria não usava máscara de proteção e indicava orientação do presidente Jair Bolsonaro pelo fim da quarentena.