“Os protocolos de segurança mudaram de cor, mas a situação financeira do empreendedor de Maceió continua no vermelho. Participei de dois eventos extremamente importantes que, embora realizados em bairros diferentes de Maceió, possuem em comum a adesão de centenas de empreendedores que não podem deixar de lutar e combater o bom combate a cada dia que passa. Principalmente em tempos tão complicados.
Estive ao lado de centenas de moradores e empresários, caminhando passo a passo pelas ruas de um dos mais importantes bairros de nossa cidade. O movimento “Luto por bebedouro” clama por justiça, pela imediata inserção do bairro na zona de criticidade 00 e pelas indenizações a todos os prejudicados pela catástrofe tecnológica. Os empresários da região sofrem, além das rachaduras e danos físicos ao patrimônio, com os prejuízos financeiros de possuir um negócio em um bairro devastado, prestes a se tornar um bairro fantasma. Mas que ainda luta o quanto pode para não afundar no esquecimento.
Também estive no centro de Maceió e testemunhei os esforços dos lojistas que após a flexibilização dos protocolos sanitários impostos pelo COVID-19, começam a reabrir seus empreendimentos. Não é uma simples reabertura, é uma prova de resistência. Eles lutam para manter seus estabelecimentos ainda respirando, apesar de toda a dificuldade, mantendo a esperança de milhares de trabalhadores. Essa a briga só tem um lado: empresários e trabalhadores lutam juntos pela manutenção de empregos.
Em ambos os eventos ficou bastante claro para mim a omissão justamente para quem tanto contribui e que, agora, precisa de ajuda. Todos reclamaram, tanto em Bebedouro, como no Centro de Maceió, que inexiste uma política de incentivos e de crédito para o empreendedor alagoano. Apesar da vontade de trabalhar, boas ideias e iniciativas, falta dinheiro. E sem dinheiro, a economia não gira. São pouquíssimas as condições para financiar essas milhares de empresas que são a base de nossa economia e que mais geram empregos formais em Alagoas.
O governo federal criou um programa de apoio às microempresas e as empresas de pequeno porte. Contudo, ele ainda é muito tímido para atender a grande demanda dos empresários e com a oferta praticamente limitada aos bancos públicos federais. Não atende ao que o empreendedor precisa. As portas ainda estão fechadas para esse público.
Quando fui diretor da agência de fomento de Alagoas, a Desenvolve, criamos uma série de medidas para auxiliar aqueles que possuem o próprio negócio, especialmente o micro e pequeno empresário. Não pode ser diferente, nem no caso de Bebedouro, tampouco na reabertura do comércio. Luvas, máscaras e álcool em gel são necessários para conter o COVID-19, mas não resolvem no desequilíbrio financeiro causado por tanto tempo de portas fechadas e de uma economia que vai demorar algum tempo para reaquecer.
Cadê o poder público estadual e municipal? Se limitam apenas a mudar as cores dos protocolos de segurança? Mudam de vermelho, para laranja, para amarelo, para azul… Isso é muito pouco e em nada contribui para tirar do vermelho a situação financeira dos empreendedores de Maceió”.
* Israel Lessa, ex-superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego em Alagoas