Mais de 40 dias: este o tempo que os moradores do Flexal de Baixo e Flexal de Cima, em Bebedouro, aguardam uma resposta do Ministério Público Federal (MPF) sobre a inclusão de seus imóveis na área de criticidade máxima em função da mineração da Braskem, tendo em vista as fissuras e rachaduras, além do afundamento de solo sofrido nas casas, tornando três a cada quatro casas da localidade em habitação de alto risco e que deve ser evacuada imediatamente. A avaliação foi feita por um engenheiro independente, que avaliou dezenas de casas e fez um laudo que foi entregue ao MPF.
Por causa desta demora, o Movimento Luto por Bebedouro realizou, na manhã desta segunda-feira (28), um protesto pacífico, na Praça Lucena Maranhão, em Bebedouro, para cobrar do MPF uma resposta não somente da inclusão dos imóveis, mas também de uma visita do órgão ao bairro, para poder visualizar a situação e também uma reunião com representantes dos moradores, ainda que de forma virtual.
“É um descaso. Querem marcar a reunião para 16 de novembro, depois das eleições, como se fosse uma causa política, quando, na realidade, é uma causa de vidas. Dia a dia as pessoas estão adoecendo por não saberem como ficarão, por verem seu patrimônio, suas memórias e convívios serem tirados deles, e, por outro lado, o descaso do poder público. A Braskem precisa ser responsabilizada e as famílias indenizadas antes de saírem de suas casas. É urgência”, defende Israel Lessa, líder do Movimento Luto por Bebedouro.
Ele lembra que recentemente a Braskem apresentou um novo mapa, que mostra as áreas de criticidade atual e um círculo de áreas de criticidade futura. “Criticidade futura? Estes locais já estão com imóveis danificados, como o Colégio Batista de Bebedouro, que está cheio de rachaduras e não têm condições de receber alunos. O perigo é agora, não é futuro”, destaca Lessa.
Além de moradores do bairro de Bebedouro e líderes comunitários, o protesto contou ainda com a presença de moradores de outros bairros afetados, como o Pinheiro, através da Associação dos Empreendedores do Pinheiro, Bom Parto e também do Saem, que já apresenta fissuras e rachaduras em ruas e imóveis.