Ensino bilíngue na Escola Carmelita Gama, na parte alta de Maceió, tem alcançado toda a comunidade escolar
O mês de setembro, também é marcado pela campanha Setembro Azul, que fortalece ações em prol da comunidade surda. Neste deste domingo (26), em que se celebra o Dia Nacional do Surdo, responsáveis, mães e pais de estudantes da Escola Municipal Maria Carmelita Cardoso Gama, localizada na Cidade Universitária, destacam as ações da Secretaria de Educação de Maceió (Semed) voltadas para os alunos surdos da Rede. A Escola foi escolhida como piloto para desenvolver o projeto “Horinha da Libras”.
O “Horinha da Libras” — com vídeos lúdicos que ensinam a linguagem, feitos por educadores da Escola — tem despertado na comunidade escolar a importância e o interesse em aprender a língua de sinais.
Para Maria Joseane dos Santos, mãe de Viviane, estudante ouvinte do 2º ano, o projeto é bem-vindo para a comunidade escolar. “Tudo que é para o desenvolvimento do aluno é importante. E, futuramente, ela (Viviane) vai saber se comunicar com alguém surdo, mesmo que um pouco. Todo projeto é bem-vindo quando se trata de ajudar e incluir as pessoas”, salientou Joseane.
Luiz Carlos, de 10 anos, é estudante do 5° ano na Escola Carmelita Gama e tem perda severa no ouvido esquerdo e profunda no lado direito. A mãe dele, Mônica Ferreira, conta que os vídeos reforçam os estudos. “Eu assisto diariamente, porque tenho que treinar todos os dias. São muitos sinais para memorizar e aí é preciso praticar sempre”, destacou Mônica.
A mãe também relata os obstáculos enfrentados pela família e como os vídeos da Horinha da Libras tem ajudado. “Nós temos dificuldade para nos comunicar com a sociedade. Nem todas as pessoas têm interesse em aprender libras para interagir com a pessoa surda”, disse a mãe que acredita que, quando as aulas voltarem presencialmente, o filho irá interagir com as crianças ouvintes. “Ele vai sentir igualdade entre eles”, ressaltou.
Débora Monteiro, professora bilíngue da Escola, destaca a importância de trabalhos como esse para promover a inclusão social. “Para uma escola ser inclusiva, ela precisa que todos os alunos possam se comunicar, isso é o básico. E, com esse projeto, estamos levando libras para todas as crianças e até para as famílias que têm acesso aos vídeos”, destacou a professora.
Para Iranilda Rodrigues, mãe de Victoria Sophia, de 8 anos, que tem surdez bilateral profunda, a maior barreira é o preconceito. “A maior dificuldade é devido àquele olhar estranho, e não saber de fato se comunicar em libras”, relatou. Ela contou ainda que através dos vídeos ela também ensina aos filhos, irmãos de Victoria, a língua de sinais.
O intérprete de Libras e integrante do projeto, Luiz Eduardo, explica que o objetivo é o desenvolvimento das crianças. “É um trabalho coletivo com todos os profissionais da escola. O intérprete faz essa mediação da comunicação, cuja meta é conseguir promover com qualidade a acessibilidade e o desenvolvimento das crianças e a interação entre os surdos e os ouvintes”, disse.
Julita Bittencourt (estagiária)/Ascom Semed