Com uma carreira militar cheia de conquistas e homenagens, o tenente-coronel Rocha Lima jamais poderia imaginar o golpe que sofreria de inimigos que o fitavam à espreita. Alçado como suspeito de homicídio, Lima ficou preso no Batalhão da Rádio Patrulha por mais de oito meses e sequer foi ouvido, segundo ele, pelas autoridades do Judiciário nos primeiros 120 dias.
Certo de sua inocência, conseguiu habeas corpus expedido pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ-AL). Os desembargadores José Carlos Malta Marques e Washington Luiz Damasceno Freitas votaram favoráveis. O voto contra foi do desembargador João Luiz Azevedo Lessa. Já o desembargador Sebastião Costa Filho se declarou suspeito.
Por maioria de votos, a ordem de soltura foi concedida, revogando-se a prisão preventiva. Hoje, o militar tem uma certeza: foi alvo de armadilha de um político alagoano. O motivo seria seu desempenho no combate ao crime, que estava começando a incomodar. Atualmente, Lima está em cargo administrativo no Hospital da Polícia Militar, atividade que cumpre com seriedade, mas é honesto com seus sentimentos.
“Gosto do operacional. Não me sinto realizado, gosto de combater o crime nas ruas”, declarou. Seria essa uma forma de retaliar o militar? Para Rocha Lima, a resposta é sim. Ele ainda afirma estar sendo perseguido. Esperava receber a missão de comandar o 5º Batalhão da PM com a posse do governador Paulo Dantas, mas as promessas só ficaram ao vento.
Sobre sua prisão, é taxativo. “O inquérito está cheio de falhas. Fui preso político”. Já quanto ao seu atual cargo, Rocha Lima faz um questionamento: “gostaria de saber o motivo de estarem me isolando”. Ao A Notícia confiou em fazer uma revelação. O militar registrou em cartório uma carta contando sobre as ameaças que tem sofrido. De acordo com ele, o material desse documento é bombástico.
“Caso aconteça algo comigo, o nome do principal suspeito estará lá para as autoridades investigarem”. O tenente-coronel Rocha Lima já comandou o 1º, 4º e 8º Batalhão, além do Batalhão de Polícia de Eventos (BPE). Nas regiões onde passou foi recordista na redução da criminalidade, fato que seria constatado pelo Núcleo de Estatística e Análise Criminal (Neac).
Mas, Lima prepara uma reviravolta analisando se candidatar a um cargo na Assembleia Legislativa. “Ou na Câmara Federal, quem sabe. Ainda estou avaliando com o partido Avante”, disse ao A Notícia, em entrevista exclusiva.
DECLARAÇÕES
Negativa misteriosa
“Uma grande parte da sociedade alagoana e mais de 30 advogados que conhecem bem meu caso enxergam a forma desnecessária e injusta que cercearam minha liberdade e ainda fizeram com que eu perdesse na época o comando do 8º BPM. Basta observar que estávamos trabalhando defendendo a sociedade, pois tudo se encontra nas estatísticas da Secretaria de Segurança. Ou seja, redução criminal e recordista em apreensão de armas de fogo em todas as áreas que estive como comandante, notadamente alguém ligado à criminalidade se incomodou e armou pra mim. Hoje sigo minha caminhada na Polícia Militar me sentindo até frustrado, pois fui convidado pelo comandante geral para somar na segurança pública de novo e do nada estranhamente veio dias após uma negativa misteriosa”.
Reconhecimento
“Todavia, diante de tanto sofrimento, hoje as pessoas do bem me abraçam e gritam nos quatros cantos do Estado que confiam no meu trabalho, na minha decência e querem que eu saia candidato a deputado estadual ou federal . Portanto, hoje estamos seguindo orientações políticas com o amigo advogado Adeilson Bezerra. Confesso que analiso com Adeilson Bezerra fazer parte do Avante para assim, com a permissão de Deus, ser candidato ou não. Entretanto vamos aguardar qual o melhor caminho que Deus vai mandar: política ou segurança pública, que é o que eu gosto de fazer”.
Terrorismo
“Vivo um verdadeiro terrorismo, eu e minha família. Meus pais já idosos vivem doentes. Infelizmente estamos no aguardo se serei pronunciado ou impronunciado [pela suspeita do crime] mesmo tendo consciência da inocência. Verdadeiramente não precisa nem ser formado em Direito para achar as diversas falhas no inquérito policial, sem falar que vários inquéritos cheios de falhas e vícios já levaram muitos inocentes a perderem a liberdade. Basta fazer um levantamento em todo Brasil que são inúmeros os casos que tempo depois a justiça de forma correta identifica os erros e, às vezes, até montagens com o objetivo de prejudicar”.