Apesar de hoje descrever o senador e candidato ao governo estadual Fernando Collor como alguém que “luta pelo interesse do Brasil”, o presidente Jair Bolsonaro usava palavras duras contra ele no período em que Collor ocupou a Presidência da República (1990-1992), como “grande mentiroso” e “sem moral”.
Então deputado federal de primeiro mandato, Bolsonaro fez diversas críticas a Collor por suas políticas para as Forças Armadas. Em novembro de 1991, por exemplo, Bolsonaro acusou Collor de não cumprir promessas que tinha feito na campanha eleitoral para militares: -Sr. Presidente, meus colegas, uma pessoa que não honra a palavra, não honra o que escreve, não é digna de nossa confiança, não é digna de ser Presidente da República.
O então deputado voltou ao tema três meses depois, incomodado com uma confraternização entre Collor e os chefes das Forças, e chamou o presidente de “grande mentiroso”: – Aprendi, na caserna, que o Chefe que mente não merece credibilidade. E o Sr. Presidente da República, Chefe do Supremo das Forças Armadas, não deixa de ser um grande mentiroso.
Em setembro de 1992, quando já estava em curso o processo de impeachment contra Collor, Bolsonaro afirmou que ele impunha “grande sacrifício” à população: — Sua Excelência ataca aqueles que declaram o seu voto a favor do impedimento. Mas este ataque não é justo, porque decidiremos este caso através do voto. Não se justifica toda essa, ira do Sr. Presidente da República, porque ele tem impingido à população brasileira sacrifícios, e sacrifícios vãos e inúteis, através de votos nesta Casa, principalmente mediante vetos, presidenciais, que, caso fossem derrubados, teria sido feita um pouco menos de injustiça ao trabalhador.
No mesmo discurso, o deputado afirmou que não tinha dúvidas de seu voto favorável ao impeachment e descreveu Collor como alguém “sem moral” para comandar o país: — Sr. Presidente, jamais mudarei a minha posição quanto à votação pró-impedimento do Sr. Presidente da República — afirmou. — Luto com todas as minhas forças para tirar o Presidente que aí está, sem moral para governar o país.