A avaliação do cientista político Alberto Carlos Almeida, autor dos livros A cabeça do brasileiro, A cabeça do eleitor e O voto do brasileiro, sobre as recentes pesquisas que mostram uma guinada de Jair Bolsonaro (PL), pode acalmar os ânimos daqueles que pretendem votar em Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em áudio encaminhado para o Bastidor da Política, Almeida destaca que, ao analisar as pesquisas e comparar com os votos do primeiro turno, seria possível afirmar que nada mudou, uma declaração polêmica após alerta do Datafolha, que mostrou os dois candidatos tecnicamente empatados.
“Todas as empresas de pesquisa que mostraram variação de voto no segundo turno estão erradas. Não houve diminuição de vantagem”, destacou. “Lula permanece favorito, o que não significa uma margem folgada. O resultado da eleição pode ser em torno do mesmo resultado que aconteceu no primeiro turno”, completou. No primeiro turno, Lula teve 48,4% de votos e Bolsonaro 43,2%. No entanto, no segundo turno, só são considerados votos válidos. “Tive uma conversa com a jornalista Flávia Oliveira, que disse: Nós estamos tendo uma eleição na qual haverá duas vezes o segundo turno”, pontuou.
“Resultado final: pode ser quatro (pontos), pode ser seis, algo próximo do cinco. É muito difícil virar votos. Vejo as campanhas se empenhando e uma anula a outra, cada qual com seus recursos”, analisou. Disse ainda que os eleitores do Bolsonaro, como são de uma classe com mais recursos, têm mais tempo e disponibilidade de ficar fazendo campanha nas redes sociais. Esse fato não se repete com Lula, que é um pouco tímido quando se trata de internet. “Lula tem muito mais rua do que Bolsonaro. E as pessoas que votam em Lula assistem mais televisão do que Bolsonaro”, citou.
O que viraria o placar, segundo o analista, seria um grande efeito de mídia como aconteceu quando houve um atentado na Espanha, em março de 2011. Foi quando iria vencer um partido de direita e, após ataque terrorista, a esquerda conseguiu reverter a situação nas urnas. “As pessoas acham que é pouco a vantagem de quatro pontos, não é. É pequena quando comparada com os vinte pontos que Lula venceu nas duas vezes que ganhou no segundo turno. Ela [a vantagem de quatro pontos] é mais rígida, é menos maleável”, finalizou.