Os versos de Erasmo Carlos em “Sexo Frágil” exalta a força e a capacidade feminina de se desdobrar em diversos papéis. No magistério, profissão que, por décadas, foi associada à mulher – “a professorinha que ensinava o beabá” -, não é diferente. Um exemplo evidente está na rede estadual de ensino de Alagoas, onde 71,1% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres. São educadoras que vão além do seu papel formador, assumindo para si a missão de liderar, fomentar e cuidar de suas escolas. São praticamente mães de suas comunidades escolares.
Segundo levantamento da Superintendência de Rede da Secretaria de Estado da Educação (Sure/Seduc), dos 551 diretores atuando nas escolas estaduais, 392 são mulheres. Em todas as 13 Gerências Regionais de Educação (Geres) que compõem a rede estadual, as mulheres são maioria na gestão, com destaque para Maceió, onde a 1ª e a 13ª Geres somam 136 diretoras, e para a 3a Gere – Palmeira dos Índios e região – com 47 gestoras.
Secretária Especial de Gestão da Rede Estadual de Ensino, Roseane Vasconcelos conhece bem essa realidade. Em sua trajetória no magistério, assumiu muitas missões: foi professora de História, diretora das escolas estaduais Carlos Gomes e Jorge de Lima (ambas em União dos Palmares), gerente da 7ª Gere (que contempla todos os municípios do Vale do Mundaú), superintendente da Rede Estadual de Ensino e secretária de Estado da Educação. Para ela, a perspectiva feminina fortalece a educação.
“As mulheres têm em sua essência um cuidado, um olhar diferenciado. Tem muito de acolhimento, de saber engajar, ouvir, motivar. Quando temos uma mulher assumindo a gestão da escola, isso se solidifica muito mais, e ainda acarreta um empoderamento das meninas e mulheres, além de sensibilizar os meninos acerca da importância da figura feminina nos cargos de liderança”, afirma.
Missão gratificante
Brunna Oliveira e Elda Rocha são, respectivamente, diretoras das escolas estaduais Miran Marroquim, em Maceió, e Djalma Barros Siqueira, em Coruripe. Para ambas, o desafio de gerir duas das unidades com maior número de alunos da rede estadual – cada uma com mais de 1.600 alunos matriculados – é encarado como uma missão de amor.
Filha de dois professores de Educação Física, Brunna tem a educação “no DNA”. Formada em Matemática pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ela passou, ainda, pela articulação de ensino da escola, que hoje apresenta o maior quantitativo de alunos da capital – 1.780 ao todo. Para ela, ser mulher e gestora é liderar com ternura, ser solidária, ter força, garra e determinação, trazendo a toda comunidade o espírito de renovação e esperança.
“Somos uma escola empoderada e orgulhosa de nossa comunidade do Jacintinho e Piabas. É um desafio imenso, porém gratificante, pois, recebo abraços todos os dias. E são abraços sem um motivo aparente. Os alunos me abraçam simplesmente porque nós, professoras, somos o norte de muitas crianças e adolescentes em um mundo tão competitivo”, diz Brunna. “O olhar feminino abranda corações, refaz sentimentos e transforma tudo em ternura, unindo razão e coração”, complementa a gestora que atua na rede estadual há 17 anos.
Com uma trajetória de 20 anos na rede – sendo 19 na Escola Estadual Djalma Barros Siqueira –, Elda afirma que o desafio de gerir uma instituição que já chegou a ter mais de 2.000 alunos é gigantesco, destacando a importância do trabalho em equipe. “Agradeço pelo empenho das seis mulheres e um homem que integram a gestão comigo. Trabalhamos diariamente pela nossa comunidade e para fazermos da nossa escola um lugar cada vez melhor para se aprender”, declara a educadora que é formada em Pedagogia pela Ufal e em Matemática pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC).