No comunicado, a ONU Direitos Humanos ressaltou a importância de Mãe Bernadete como uma mulher negra quilombola e defensora de sua religião afro-brasileira. A vítima era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho. Ela foi morta a tiros em sua residência e terreiro religioso, enquanto assistia televisão com seus netos e crianças.
Segundo o comunicado da ONU Direitos Humanos, Mãe Bernadete vinha denunciando ameaças de morte há algum tempo e também buscava justiça pelo assassinato de seu filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, que foi morto a tiros em 2017. A ONU também destacou que ela sempre denunciou a violência enfrentada pelas comunidades quilombolas.
A ONU Direitos Humanos convocou o Estado brasileiro a realizar uma investigação célere, imparcial e transparente, e a respeitar os mecanismos legais de proteção para as comunidades quilombolas, além de medidas de proteção e reparação para os familiares e a comunidade de Mãe Bernadete Pacífico.
Diante da recorrente violência, a ONU reforçou o apelo pela proteção de líderes e defensores dos direitos humanos. O representante da ONU Direitos Humanos na América do Sul, Jan Jarab, também repudiou o crime e afirmou que ele é mais um exemplo dos perigos enfrentados pelas comunidades quilombolas diante daqueles que ameaçam seus territórios e suas culturas.
À TV Brasil, Jurandir Wellington Pacífico, filho de Mãe Bernadete, relatou que sua mãe estava sendo ameaçada desde 2016 e avaliou que seu assassinato é uma consequência da impunidade pelo assassinato de seu irmão. Ele afirmou que se trata de um crime de mando e que teme por sua própria vida.
O sepultamento de Mãe Bernadete ocorreu no último domingo (20) em Salvador, com homenagens e rituais religiosos. O caso ganhou repercussão nacional e internacional, chamando atenção para a violência enfrentada pelas lideranças quilombolas e a necessidade de proteção e justiça para essas comunidades.