De acordo com a Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), o cancelamento se deve à não renovação do contrato de três professores temporários e à falta de docentes disponíveis para assumir as vagas. Essa situação preocupante tem gerado indignação e mobilização por parte dos alunos e da comunidade acadêmica.
No dia 9 de agosto, os estudantes de artes visuais, de outros cursos da ECA e de outras unidades da USP realizaram uma manifestação para denunciar a situação e exigir providências por parte da direção da unidade e da reitoria. Em uma carta aberta divulgada durante a manifestação, os alunos ressaltaram a importância do curso de artes visuais, que foi o 12º mais procurado no último vestibular da USP, evidenciando a relevância histórica desse curso para as artes brasileiras.
O coordenador do curso, João Musa, confirmou a dificuldade enfrentada, destacando que há critérios definidos para a indicação de professores, o que tem causado impacto no quadro de docentes. No caso dos professores temporários, o contrato vale por até dois anos e, após esse período, é necessário realizar um novo concurso para contratar substitutos. Quanto aos professores efetivos, a reposição tem sido insuficiente nos últimos anos, o que compromete a qualidade do ensino na universidade.
A Adusp ressaltou que essa situação não é exclusiva do curso de artes visuais, mas sim, parte de um contexto maior de precarização do trabalho docente e de redução de contratações na USP. Desde 2014, houve um déficit de mil docentes na universidade, e as 876 contratações anunciadas pela reitoria para os próximos anos não são suficientes para cobrir esse déficit e repor as saídas previstas por aposentadorias.
A presidente da Adusp, Michele Schultz, afirmou que a falta de professores não se limita ao curso de artes visuais, mas afeta todas as unidades da USP. Ela ressalta que, embora a reitoria tenha anunciado a contratação de 876 docentes, esse número não contempla as aposentadorias, exonerações e mortes que ocorrerão durante a gestão. Segundo Schultz, em média, entre 180 e 200 docentes se aposentam, exoneram ou morrem por ano, o que totaliza cerca de 800 docentes em quatro anos.
A situação precária na contratação de professores tem gerado preocupação e manifestações em defesa da universidade pública. É fundamental que a USP tome medidas efetivas para solucionar o problema da falta de docentes, garantindo a qualidade do ensino e o desenvolvimento de novos talentos. É urgente a necessidade de investimento na contratação de professores e na valorização do corpo docente como um todo. A falta de docentes compromete não apenas o ensino, mas também o prestígio e a capacidade de atrair estudantes e parcerias, bem como a manutenção de um ensino de qualidade conectado à comunidade cultural e artística.