BRASIL – Líder defende o fim do estereótipo da pessoa em situação de rua em apelo contundente.

No Dia Nacional da Luta da População em Situação de Rua, celebrado neste sábado (19), é importante refletirmos sobre o desafio enfrentado por esse grupo, que possui menos recursos à disposição para se comunicar e se mobilizar. Com a popularização das mídias sociais e dos smartphones, os movimentos sociais ganharam ferramentas que facilitam o diálogo entre os integrantes e dão visibilidade às suas reivindicações e denúncias. No entanto, isso não é uma realidade para as pessoas em situação de rua.

Edvaldo Gonçalves, coordenador estadual do Movimento Nacional de Lutas da População em Situação de Rua, destaca que existe uma descrença em relação à capacidade dessas pessoas se mobilizarem. Segundo ele, o movimento é “atípico” por não possuir recursos e sobreviver apenas pela força e vontade. Antigamente, quando os celulares ainda não existiam, a principal forma de comunicação era através do boca a boca, estratégia que ainda é utilizada pela parcela significativa desse grupo.

O estereótipo da pessoa em situação de rua precisa ser desconstruído. Gonçalves ressalta que é comum associar a imagem de uma pessoa suja e alcoólatra àqueles que vivem nas ruas, mas isso não reflete a realidade. Ele argumenta que quem anda nessas condições geralmente possui algum transtorno mental e que a rua é bastante diversa. A aversão a pessoas pobres, conhecida como aporofobia, está cada vez mais presente em municípios onde a direita predomina, o que tem sido contestado por figuras como o padre Júlio Lancelotti, que trabalha incansavelmente em um projeto na capital paulista em apoio aos moradores de rua.

A luta pela moradia é essencial para combater a marginalização da população em situação de rua. Segundo Gonçalves, a presença ou ausência de moradia é o que define o tratamento dado a cada pessoa. Ele questiona se aquele que usa drogas e possui uma casa é melhor do que aquele que usa nas ruas, ou se o que rouba e possui uma casa não é considerado um ladrão. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que existem 11,4 milhões de imóveis vazios em todo o país, sendo que apenas na cidade de São Paulo são cerca de 590 mil imóveis vagos, quase 20 vezes mais do que o número de indivíduos em situação de rua.

No encontro que reunirá lideranças de todo o Brasil, marcado para acontecer de 27 a 29 de outubro em Praia Grande, na Baixada Santista, será discutido o papel do estado e da sociedade na garantia dos direitos dessas pessoas. É necessário que as autoridades compreendam a importância de aprimorar as dinâmicas nesse contexto e proporcionar serviços eficientes para ajudar a população em situação de rua a sair dessa condição e recuperar sua dignidade. A luta por políticas públicas que garantam a moradia e o bem-estar dessas pessoas deve ser uma prioridade em nosso país.

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