BRASIL – A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condena o assassinato da Mãe Bernadete, buscando justiça para esse crime hediondo e insuportável.

Na última terça-feira, 17 de agosto, a liderança quilombola e mãe de santo Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, foi brutalmente assassinada no Quilombo Pitanga dos Palmares, localizado no município de Simões Filho, Bahia. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou veementemente esse ato de violência e exigiu que o Estado brasileiro investigue o caso de forma imediata e diligente, levando em consideração a perspectiva étnico-racial e de gênero.

A CIDH ressaltou a importância de identificar e punir os responsáveis materiais e intelectuais do homicídio, destacando que o assassinato de Mãe Bernadete pode estar relacionado ao seu papel como defensora dos direitos das pessoas afrodescendentes. Em uma publicação nas redes sociais, a entidade enfatizou a necessidade de sancionar os responsáveis e combater a impunidade.

Mãe Bernadete desempenhava um papel de grande relevância na luta pelos direitos das comunidades quilombolas. Ela era integrante da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e já havia ocupado o cargo de secretária de Promoção da Igualdade Racial em Simões Filho. Seu assassinato ocorreu em sua residência e terreiro religioso, onde ela assistia televisão na companhia de seus dois netos e mais duas crianças, sendo morta a tiros.

Segundo informações da Agência Brasil, Mãe Bernadete vinha recebendo ameaças de morte há algum tempo e já havia relatado o fato a diversas autoridades governamentais. Desde 2017, ela estava inserida no programa de proteção a defensores de direitos humanos, após o homicídio de seu filho, Binho do Quilombo, que também foi vítima de um assassinato a tiros.

A Polícia Civil da Bahia está conduzindo a investigação e trabalha com diversas linhas de apuração. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do estado, Felipe Freitas, afirmou em entrevista à Agência Brasil que a atuação de Mãe Bernadete incomodava diferentes poderes econômicos. A Polícia Federal também abriu um inquérito para investigar o caso.

Felipe Freitas ressaltou a dificuldade em identificar precisamente os interesses contrariados por Mãe Bernadete, considerando que sua posição como defensora de sua comunidade poderia gerar incômodo em diversas pessoas e grupos. Desde organizações ligadas ao tráfico de drogas até grupos econômicos interessados na exploração do território quilombola poderiam ter se sentido afetados pela liderança de Mãe Bernadete. Além disso, os responsáveis pela morte de seu filho também podem ter motivos para querer silenciá-la.

Destaca-se também a condenação por parte da Organização das Nações Unidas (ONU), que manifestou repúdio ao assassinato de Mãe Bernadete e cobrou uma investigação rigorosa e transparente. É fundamental que a sociedade brasileira se mobilize e exija justiça em relação a esse crime bárbaro, que além de ceifar a vida de uma importante liderança, representa uma grave violação dos direitos humanos. A impunidade nesses casos é um estímulo para a continuidade da violência contra defensores e defensoras dos direitos humanos, principalmente aqueles que lutam por grupos marginalizados e minorias étnicas.

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