Todas as mesas, palestras e outras atrações programadas para o festival são abertas e gratuitas, e acontecerão em diferentes pontos do centro histórico de Paracatu. A cidade mineira está localizada a 500 km de Belo Horizonte e a 250 km de Brasília. De acordo com os organizadores, a estimativa de público é de 30 mil pessoas.
Segundo o curador e idealizador do festival, Afonso Borges, “Paracatu é uma cidade que tem 73% da sua população negra. É uma cidade histórica que remonta à exploração do ouro e também à escravidão e resistência, que ainda necessita de ser visibilizada pelo país inteiro.” Ele destaca que a cidade possui mais de 600 espaços tombados pelo Iphan, e que a obra do escritor Afonso Arinos, nascido na cidade, será homenageada no evento.
O festival contará com a presença de aproximadamente 60 autores, que irão discutir questões como o racismo estrutural e a ancestralidade. Além dos autores já mencionados, outros nomes confirmados incluem Adriana Abujamra, Bianca Santana, Danilo Miranda, Jamil Chade, Míriam Leitão e Sérgio Abranches, entre outros.
Além das atividades literárias, o festival também contemplará outras formas de arte. Uma das atrações será a exposição de 42 reproduções de telas do artista Cândido Portinari, intitulada Portinari Negro. A mostra destaca o inconformismo e os olhares de Portinari diante das representações culturais, exploração, opressão e racismo. As obras ficarão expostas na Praça Matriz de Santo Antônio.
Segundo o curador da exposição, João Candido Portinari, filho do artista, as obras selecionadas estão ligadas à temática do povo negro em suas diversas representações. O curador também ressalta que a temática da ancestralidade do festival está em consonância com a obra de seu pai, que sempre denunciou situações de opressão e miséria enfrentadas por aqueles que buscavam melhores condições de vida.
O Festival Literário de Paracatu, conhecido como Fliparacatu, proporcionará uma experiência única aos participantes, promovendo discussões importantes sobre arte, literatura, ancestralidade e o combate ao racismo estrutural. O evento pretende valorizar a diversidade cultural e fortalecer a voz dos escritores negros e das comunidades tradicionais, ao mesmo tempo em que proporciona um encontro entre o público e grandes nomes da literatura brasileira e internacional.
