O G20 é um grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, criado em 1999. O estudo destacou que esse montante foi direcionado para subsídios a combustíveis fósseis (US$ 1 trilhão), investimentos de empresas estatais (US$ 322 bilhões) e empréstimos de instituições financeiras públicas (US$ 50 bilhões).
De acordo com as instituições responsáveis pelo relatório, os membros do G20 poderiam obter ganhos significativos ao deixarem de conceder benefícios fiscais à indústria de petróleo, carvão e gás. Segundo cálculos realizados, seria possível arrecadar US$ 1,4 trilhão adicionais ao impor taxas de US$ 25 a 50 para cada tonelada de CO2 emitida na atmosfera.
Os autores do estudo recomendam que os membros do G20 estabeleçam prazos claros para a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis, até 2025 para países desenvolvidos e até 2030 para economias emergentes. Além disso, sugerem que os governos estabeleçam metas de zero emissões líquidas e busquem alternativas de negócios e carteiras de empréstimos para as empresas estatais do setor energético.
Um exemplo citado no relatório é o progresso da Índia, que conseguiu reduzir em 76% os subsídios destinados a combustíveis fósseis no período de 2014 a 2022, investindo simultaneamente em energia limpa.
Livi Gerbase, assessora política do Inesc, ressaltou a necessidade de políticas que corrijam desníveis e priorizem fontes de energia renovável e limpa. Ela destacou que os países do G20 cobram menos impostos sobre combustíveis fósseis em comparação a outros emissores de CO2, uma média de apenas US$ 3,2 por tonelada de CO2 emitido.
No Brasil, o investimento em combustíveis fósseis foi de R$ 118,2 bilhões em 2021 e espera-se que esse valor seja ainda maior em 2022, devido à zeragem das alíquotas de diversos impostos sobre os combustíveis.
Caso os países do G20 realizassem uma reforma nas políticas de subsídios e tributassem o carbono, seria possível destinar menos de um quarto dos US$ 2,4 trilhões gerados para energia eólica e solar, contribuindo para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. Além disso, os recursos poderiam ser utilizados em ações de combate à fome, fornecendo acesso universal à eletricidade e à culinária limpa, e no financiamento climático para os países em desenvolvimento.
Esse estudo reforça o desafio da transição energética global e a necessidade de medidas mais efetivas por parte dos países do G20 para reduzir o investimento em combustíveis fósseis e promover uma economia mais sustentável.