A Argentina, que enfrenta escassez de dólares e vive uma crise econômica, tem enfrentado dificuldades para comprar produtos fabricados no Brasil, principalmente no setor de peças automotivas, que são utilizadas na produção de veículos exportados para o mercado brasileiro.
Na semana passada, durante a Cúpula do Brics, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propôs que a Argentina pagasse as importações ao Brasil em moeda chinesa, o yuan, que seria convertida em real por meio de uma operação feita pelo Banco do Brasil no mercado de câmbio de Londres. No entanto, essa proposta foi descartada em favor do novo mecanismo em análise pela CAF.
O ministro argentino explicou que, com o apoio e a garantia do Banco de Desenvolvimento latino-americano, um instrumento de financiamento de exportações do Brasil para a Argentina no valor de US$ 600 milhões está sendo estudado. Esse valor também seria utilizado para financiar as exportações da Argentina para o Brasil, principalmente na indústria automotiva.
A resposta final da CAF será dada em setembro. A proposta conta com a cooperação do Banco do Brasil, que garantirá as exportações das empresas brasileiras, e a CAF, que fornecerá uma contragarantia para o Banco do Brasil. Essa parceria pode até mesmo dispensar a necessidade de acionar o fundo garantidor das exportações brasileiras, que é do Tesouro Nacional, junto ao Programa de Financiamento e Garantia às Exportações.
Além disso, durante a visita, Sergio Massa anunciou que Brasil e Argentina vão retomar o acordo bilateral de transporte marítimo. O pacto estabelece que a movimentação de mercadorias entre os portos dos dois países deve ser feita preferencialmente em navios registrados em uma das nações, visando impulsionar a Marinha Mercante dos países. Esse acordo havia sido interrompido em 2021, por decisão do governo brasileiro.
Outra novidade é a renovação do acordo entre as cidades de Santo Tomé, na Argentina, e São Borja, no Brasil. Essas duas cidades fazem fronteira e possuem uma ponte internacional que é a principal rota terrestre para o comércio entre os dois países. A renovação do acordo permitirá que essas cidades continuem administrando o processo de cruzamento de fronteira e facilitem a logística aduaneira para o transporte de mercadorias.
Portanto, esses acordos e propostas visam fortalecer as relações comerciais entre o Brasil e a Argentina, superando as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país vizinho. A cooperação entre os governos e as instituições financeiras é fundamental para impulsionar o comércio entre os dois países e ajudar na recuperação da economia argentina. A expectativa é que essas medidas beneficiem tanto as empresas brasileiras quanto argentinas, fortalecendo a integração e a sinergia entre as indústrias automotivas dos dois países.