BRASIL – Projeto em SP destaca potencial da energia solar no Brasil, revelando seu papel esencial na busca pela sustentabilidade.

Cerca de 100 famílias do Conjunto Habitacional Paulo Freire, localizado no bairro Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, estão colhendo os frutos de uma parceria entre o Conselho de Arquitetura e Urbanismo e a organização não governamental Instituto Pólis. Essa iniciativa possibilitou a instalação de 38 placas de energia solar para uso coletivo, visando não apenas a geração de energia elétrica, mas também a estimulação da autogestão dos moradores em relação aos recursos produzidos.

O Conjunto Habitacional Paulo Freire já possui uma história de autogestão desde sua construção, há mais de duas décadas, em um esquema de mutirão. As placas fotovoltaicas instaladas agora proporcionam uma economia de 60% nas contas relativas às áreas comuns do edifício. Além disso, o destino do dinheiro economizado também é decidido coletivamente pelos moradores.

Bruna Lopes Bispo, urbanista do Instituto Pólis, destaca que o movimento autogestionário se alinha perfeitamente com o projeto de coletivos de energia solar, uma vez que a ideia é não somente instalar placas solares, mas também construir uma tecnologia que permita às pessoas terem autonomia para gerir e administrar a energia produzida.

Os resultados já são visíveis, segundo Cristiane Gomes Lima, moradora do conjunto. Com a economia obtida, os moradores precisam decidir onde aplicar os recursos. Eles já estão discutindo se o dinheiro será destinado à manutenção do condomínio, do próprio mutirão ou à compra de mais placas para abastecer os apartamentos.

A pedagoga Dora Ferreira, também moradora do conjunto, relembra a reação de seu pai ao saber da instalação das placas solares. Para ele, a energia solar era associada apenas às classes mais favorecidas. A oportunidade de utilizar essa fonte renovável e economizar nas contas de energia foi uma surpresa agradável para a família.

Rodrigo Lopes Sauaia, co-fundador e presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), ressalta que o Brasil tem um grande potencial para a popularização do uso da energia solar. Atualmente, a energia solar é a segunda maior fonte da matriz elétrica brasileira, perdendo apenas para a energia das hidrelétricas.

No entanto, Sauaia enfatiza que ainda há espaço para avançar. O Brasil é o 10º país no ranking de uso de energia solar, e apenas três milhões de consumidores geram sua própria energia. Com 91 milhões de consumidores no país, esse número é considerado baixo e deixa claro o potencial de crescimento nessa área. Por isso, ele defende a implementação de políticas públicas de incentivo à instalação de placas de energia solar.

A iniciativa no Conjunto Habitacional Paulo Freire é um exemplo concreto de como a energia solar pode ser acessível e econômica para a população brasileira. Com a junção de esforços, é possível promover uma mudança significativa no setor energético, estimulando a autogestão e a sustentabilidade em comunidades de baixa renda.

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