Na cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente na Maré, um complexo de 16 favelas localizado na Zona Norte, encontra-se a Casa Resistências. Esse espaço de acolhimento foi criado em 2022 pela Coletiva Lésbicas da Maré, formada em 2016 com o intuito de promover sociabilidade e troca de experiências entre mulheres lésbicas na favela. Ao longo do tempo, a coletiva ampliou sua atuação e passou a lutar pela garantia de direitos, acolhendo mulheres que eram expulsas de casa por causa de sua orientação sexual. Durante a pandemia, a procura por apoio aumentou ainda mais, devido ao aumento do tempo que as pessoas passavam em casa.
A Casa Resistências se tornou um espaço físico em 2022, recebendo mulheres lésbicas, bissexuais e trans moradoras de favela, bem como mulheres negras e imigrantes, independentemente de sua orientação sexual. A coordenadora da casa, Dayana Gusmão, ressalta a importância desse espaço para as lésbicas na favela, que muitas vezes se sentem isoladas e solitárias. A coletiva serve como um farol, mostrando que elas não estão sozinhas.
Outro exemplo de resistência e visibilidade é o coletivo Tambores de Safo, que surgiu em Fortaleza em 2010 e busca dar voz às demandas específicas das mulheres lésbicas e bissexuais periféricas. Por meio de oficinas, música e espetáculos, o coletivo ganhou espaço e demostra a realidade e as opressões enfrentadas por lésbicas periféricas. A arte é uma ferramenta fundamental nesse processo, pois permite a expressão e a transformação da realidade.
Já em Belém, em 2018, foi criado o Coletivo Sapato Preto, formado por mulheres lésbicas negras amazônidas. O objetivo do coletivo é ressignificar o termo “sapatão preta”, historicamente utilizado de forma ofensiva para se referir a mulheres negras lésbicas. Elas se propõem a realizar formações e ações voltadas para as demandas específicas da população lésbica negra nas periferias e em comunidades quilombolas e territórios de matriz africana. Além disso, o coletivo atua no fortalecimento dessas mulheres por meio de auxílio alimentar e outras ações durante a pandemia.
Esses coletivos e organizações demonstram a importância de se dar visibilidade e voz às mulheres lésbicas das periferias, que enfrentam desafios únicos e necessitam de políticas públicas que atendam às suas necessidades específicas. A luta por direitos, acolhimento e valorização dessas mulheres é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.