BRASIL – Maia reitera decisão de proibir fotógrafo na CPMI e cria novas diretrizes para imprensa.

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro, o deputado federal Arthur Maia (União-BA), decidiu manter a proibição do fotógrafo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Lula Marques, de cobrir as sessões da CPMI. Além disso, o deputado também havia estabelecido uma regra que impedia os jornalistas de publicarem informações consideradas confidenciais pela comissão, mas revogou essa medida.

A justificativa de Arthur Maia para a proibição do fotógrafo é que um parlamentar reclamou que teve uma conversa em um aplicativo de mensagem publicada por Lula Marques. De acordo com o deputado, é inaceitável que profissionais de imprensa fiquem preocupados em devassar a intimidade alheia ao invés de cobrir os trabalhos que interessam à sociedade brasileira. Maia afirmou que o direito à intimidade é sagrado e que irá manter acredenciais cassadas.

No entanto, a decisão do presidente da CPMI foi alvo de repúdio por parte da EBC, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF). Essas instituições manifestaram sua indignação com o descredenciamento do fotógrafo Lula Marques.

Em resposta à proibição imposta, Arthur Maia publicou novas regras para o credenciamento da imprensa na CPMI, mas acabou voltando atrás em uma das medidas. Ele excluiu a proibição de publicação de informações classificadas como sigilosas pela comissão. O deputado explicou que muitas vezes a imprensa publica documentos que estão sob sigilo e que não pode responsabilizar os jornalistas por isso.

A decisão de proibir o trabalho de Lula Marques repercutiu entre os parlamentares da CPMI. O deputado federal Paulo Magalhães (PSD-BA) pediu para que Arthur Maia reconsiderasse a decisão, ressaltando que ela extrapola o direito e impede o acesso do jornalista. O senador Jorge Seif (PL-SC) apoiou a decisão do presidente da CPMI, destacando que os parlamentares não podem aceitar que suas conversas pessoais sejam fotografadas.

O fotojornalista Lula Marques comentou que já fotografou assuntos privados na tela de celulares de autoridades, mas que nunca publicou porque não considerava ter interesse público. Ele afirmou que se a informação é relevante para a atividade política, ela deve ser publicada. Lula Marques também informou que não pretende se retratar, como solicitado por Arthur Maia.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) considerou correta a decisão de Arthur Maia de revogar a proibição de divulgação de informações sigilosas, pois considera essa medida uma forma de censura prévia. A presidenta da Fenaj, Samira de Castro, afirmou que os parlamentares estão em seu local de trabalho e que suas conversas sobre temas de interesse público podem ser divulgadas. Samira ressaltou que a obstrução à livre divulgação da informação é um delito contra a sociedade.

Botão Voltar ao topo