O relatório foi elaborado com base em depoimentos coletados pelo CNDH durante uma visita ao Guarujá e a Santos, no dia 14 de agosto. O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) compareceu ao evento de apresentação do documento e anunciou que na próxima segunda-feira irá propor a convocação do governador Tarcísio de Freitas e do secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, para prestar esclarecimentos sobre a operação na Assembleia Legislativa.
Segundo informações obtidas pela reportagem, o secretário Derrite desmarcou uma reunião solicitada pelo CNDH de última hora, sem oferecer qualquer explicação ou alternativa de horário. O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), Dimitri Sales, afirmou que o governo não tem compromisso com a democracia e se recusa a responder aos ofícios enviados pelas autoridades de direitos humanos.
O promotor Danilo Pugliesi, do Ministério Público de São Paulo, enfatizou a importância da abertura de inquéritos individuais para cada uma das mortes ocorridas durante a operação. Isso permitiria que as testemunhas também prestassem depoimentos ao Ministério Público, já que depor à polícia poderia colocá-las em risco. Pugliesi também ressaltou a importância do acompanhamento das investigações pelo Ministério Público para garantir a apuração adequada dos crimes e a responsabilização dos envolvidos.
Durante o evento na DPU, moradores da região relataram agressões cometidas pelos policiais durante a Operação Escudo e pediram o fim da polícia e do racismo. Algumas vítimas também foram torturadas e assassinadas de forma brutal. Uma fonte revelou que uma das vítimas teve as unhas arrancadas. O relatório do CNDH e um documento da Defensoria Pública de São Paulo apontam que a maioria das pessoas detidas na operação estava desarmada, sem drogas e era negra.
No entanto, oficialmente, a operação tem como objetivo combater o narcotráfico. A diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, afirmou que é urgente parar a operação e realizar uma investigação completa e rápida para verificar os abusos que estão ocorrendo.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que todos os casos de mortes decorrentes da intervenção policial estão sendo investigados e as provas estão sendo compartilhadas com o Ministério Público e o Poder Judiciário. A SSP também negou que tenha ocorrido tortura e reafirmou que todas as mortes resultaram de confrontos das vítimas com as forças policiais. A pasta ressaltou que nenhum abuso foi denunciado até o momento e encorajou a população a reportar qualquer irregularidade à Polícia Militar ou à Corregedoria.
A Operação Escudo está sendo duramente criticada pelas violações de direitos humanos cometidas pelos agentes policiais. O relatório preliminar do CNDH revela a gravidade dos abusos e reforça a necessidade de uma investigação completa e imparcial para responsabilizar os culpados e prevenir a ocorrência de futuros abusos. É fundamental que o governo assuma a responsabilidade pelos abusos e tome medidas rigorosas para garantir a proteção dos direitos humanos dos cidadãos.