BRASIL – Museu Nacional ainda precisa captar R$ 180 milhões para reconstrução completa, cinco anos após incêndio devastador.

Cinco anos se passaram desde o devastador incêndio que destruiu o Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro, e ainda falta uma quantia considerável de dinheiro para sua completa reconstrução. De acordo com o Projeto Museu Nacional Vive, estima-se que sejam necessários cerca de R$ 445 milhões para a obra, excluindo a reposição do acervo. No entanto, até o momento, apenas R$ 265,3 milhões foram captados, o que equivale a 60% da meta inicialmente estabelecida. É importante lembrar que aproximadamente 80% dos 20 milhões de itens do museu foram afetados pelo incêndio.

Atualmente, as obras de restauração estão em andamento nos blocos 2 e 3 do Palácio, onde o museu está localizado. Elas envolvem diversos serviços, como a proteção dos elementos que sobreviveram ao incêndio, a proteção das escavações e prospecções arqueológicas, a construção e impermeabilização das lajes de coberturas e a regeneração das alvenarias remanescentes. A previsão é de que em meados de 2024 a sala do meteorito Bendegó e a escadaria monumental no palácio histórico sejam abertas ao público. Já a reabertura total do museu está prevista apenas para 2028.

Alexander Kellner, diretor da instituição, ressaltou que o objetivo não é simplesmente reconstruir o museu como ele era antes, mas sim criar um espaço moderno e sustentável que dialogue com a sociedade. Ele enfatiza a importância do apoio da sociedade nesse processo de reconstrução, ao mesmo tempo em que destaca a importância do museu para a própria sociedade.

Em uma contribuição significativa para a recomposição do acervo do Museu Nacional, a instituição recebeu doações do povo Karajá, que incluem peças importantes da cultura desse grupo indígena. O cacique tradicional e pajé Sokrowé Karajá, responsável pela doação, participará de uma roda de conversa durante o Festival Museu Nacional Vive.

O historiador Crenivaldo Veloso, do setor de etnologia e etnografia do Museu Nacional, explicou que a proposta de reconstituição do acervo envolve parcerias com as comunidades responsáveis pela produção dessas peças. Segundo ele, as comunidades estão participando ativamente das escolhas, indicando quais peças devem ser enviadas para a instituição e contribuindo com narrativas que podem ser apresentadas nas futuras exposições. Essa experiência está sendo tratada como um compartilhamento, no qual as comunidades estão compartilhando suas histórias, memórias e ancestralidades.

Para marcar os cinco anos desde o início dos trabalhos de reconstrução, o Museu Nacional e os parceiros do Projeto Museu Nacional Vive estão promovendo a edição 2023 do Festival Museu Nacional Vive. O evento oferece diversas atividades para o público, como exposições de acervos, jogos, painéis e rodas de conversa. Além disso, haverá a participação do projeto Meninas com Ciência, que oferecerá uma oficina de madeira, e do Museu da Vida da Fiocruz, que apresentará modelos anatômicos do corpo humano e permitirá a interação com microscópios e lupas.

Juliana Sayão, diretora adjunta de integração Museu e Sociedade, ressaltou a importância de não esquecer o que aconteceu no Museu Nacional para evitar que situações semelhantes ocorram em outras instituições culturais do país. Ela destacou a importância do museu trabalhar em conjunto com a sociedade e a oportunidade de reviver os momentos felizes compartilhados com o público através das atividades desenvolvidas pelo museu.

O Festival Museu Nacional Vive acontece no domingo, dia 3 de setembro, na Alameda das Sapucaias, na Quinta da Boa Vista, e conta com uma tenda científica, onde pesquisadores do museu interagem com o público, uma tenda cultural, com apresentações de companhias folclóricas e de circo, e rodas de conversa sobre diferentes temas. Além disso, também haverá uma feira junta local, na qual produtores locais irão comercializar produtos alimentícios.

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