Essas organizações de filantropia independente são diferentes das fundações que estão vinculadas a uma empresa ou família que doa diretamente para elas. Elas têm como objetivo mobilizar recursos de diferentes fontes para posteriormente destiná-los à sociedade civil.
De acordo com Graciela Hopstein, diretora executiva da Rede Comuá, as organizações de filantropia estão presentes em todas as regiões do país, com uma concentração significativa no Sudeste, sendo São Paulo o estado com maior presença (29%), seguido pelo Rio de Janeiro (23%). No entanto, vale ressaltar que as doações não são exclusivamente para a mesma região onde estão localizadas as instituições. Por exemplo, uma organização em São Paulo pode ter destinado recursos para um projeto no Piauí.
O mapeamento também apontou que a região Norte possui uma presença considerável dessas organizações, com 23% do total. Amazonas e Pará abrigam 10% dos entes mapeados cada um. Esses números podem ser explicados pela preocupação com causas ambientais, principalmente na Amazônia.
Além disso, o estudo revela as causas que mais receberam doações das organizações. Na liderança está o fortalecimento institucional (74%), seguido por cultura (48%), gênero e direito das mulheres (48%), desenvolvimento comunitário (42%), agricultura familiar (39%), comunidades tradicionais (35%) e equidade racial (32%). Porém, é importante destacar que as organizações podem doar para mais de uma causa.
No aspecto financeiro, o levantamento mostra que 49% das organizações doaram até R$ 1 milhão, enquanto 32% destinaram de R$ 1 milhão a R$ 25 milhões. Mais da metade delas (52%) trabalham com um orçamento entre R$ 2 milhões e R$ 25 milhões.
Uma característica significativa dessas organizações é a diversificação de fontes de recursos. A maioria delas (53%) possui seis ou mais financiadores, o que diminui a dependência de um único grande financiador. Além disso, a pesquisa mostra que dois terços das organizações (68%) afirmaram que seus financiadores não têm influência sobre o uso dos recursos, processos de tomada de decisão e governança.
Outro destaque é a presença de minorias políticas nas organizações filantrópicas, como mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTQIA+. Esse fato demonstra o compromisso das instituições em apoiar e representar as minorias políticas que estão sendo beneficiadas.
Em suma, o mapeamento realizado pela Rede Comuá revela a importância das organizações de filantropia independentes no Brasil, que atuam em diferentes regiões e destinam recursos para diversas causas de justiça socioambiental e desenvolvimento comunitário. Essas instituições se destacam pela diversidade de fontes de recursos, independência financeira e pela representação de minorias políticas, fortalecendo assim o tecido social e a democracia do país.