BRASIL – Ministério Público investiga denúncias de problemas operacionais nos trens metropolitanos durante festival em São Paulo.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) está investigando as denúncias feitas pela Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro) sobre a operação dos trens metropolitanos da capital paulista durante o festival The Town. Segundo relatos, houve atrasos, superlotação e confusão nas linhas durante os primeiros dias do evento, que aconteceu no Autódromo de Interlagos, na zona sul da cidade.

Os problemas ocorreram nas linhas 8 e 9, que são operadas pela Via Mobilidade. A concessionária tentou implantar um sistema de trens expressos, com poucas paradas, porém com valores mais altos, oferecendo opções de passagens a R$ 40 e R$ 15, em comparação com a passagem regular de R$ 4,40. A venda dos bilhetes foi autorizada pela Justiça, com a condição de que o transporte comum não fosse afetado.

No entanto, a medida acabou prejudicando os passageiros regulares, que enfrentaram atrasos de até 40 minutos nas plataformas. Alex Santana, diretor da Fenametro, reclamou do serviço exclusivo, afirmando que quem pagou a tarifa regular foi excluído. Ele pede a intervenção do Ministério Público para suspender esse serviço exclusivo nos próximos dias.

Os passageiros denunciaram que, para agilizar as viagens dos passageiros que pagaram mais caro, foi necessário aguardar longos períodos nas plataformas e enfrentar viagens incompletas. Um usuário, que preferiu não se identificar, relatou que precisou descer quatro estações depois de sair da estação Mendes-Vila Natal, porque o trem voltou para buscar passageiros da linha expressa.

Além disso, os trens passaram a operar em velocidade reduzida, e os usuários foram informados na entrada das estações que enfrentariam problemas. Também houve relatos de pessoas passando mal dentro dos trens, de vagões superlotados e até mesmo de um trem que pegou fogo devido a uma pane elétrica. A Fenametro afirma que o serviço não cumpriu o que prometeu para os passageiros que pagaram mais caro, e que eles tiveram que lidar com longas esperas, superlotação e muitas paradas.

Uma passageira que contratou o serviço expresso relatou que esperou mais de uma hora na estação Autódromo sem receber informações. Ela disse que as portas do vagão ficaram fechadas durante esse tempo e que as pessoas ficaram angustiadas, algumas passando mal. Depois de um tempo, as portas foram abertas e as pessoas saíram nervosas do trem. Em seguida, foi solicitado que elas embarcassem em outro trem.

A Via Mobilidade defende a estratégia dos trens expressos, afirmando que ela oferece uma alternativa de transporte para o público do evento, reduzindo o trânsito na cidade e a emissão de CO2. A concessionária confirmou que continuará oferecendo viagens em trens expressos e semiexpressos nos próximos dias do festival The Town, com tarifas de R$ 40 e R$ 15, respectivamente.

A reportagem entrou em contato com o governo de São Paulo, responsável por fiscalizar a prestação de serviços da concessionária, mas até o momento não recebeu resposta.

Vale destacar que a Via Mobilidade já enfrenta questionamentos do Ministério Público por constantes falhas na oferta dos serviços. No mês passado, a empresa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social e do Consumidor de São Paulo, que estabelece a implantação de melhorias nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda do sistema de trens metropolitanos e o pagamento de uma indenização de R$ 150 milhões por danos materiais e morais coletivos.

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