Entre os líderes com quem Lula se encontrou estão a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o presidente francês, Emmanuel Macron. Durante as conversas, o presidente brasileiro tratou das pendências que estão impedindo um desfecho e cobrou clareza em relação à real possibilidade de acordo.
Segundo o Palácio do Planalto, Lula anunciou que o Mercosul está pronto para concluir o acordo o mais rápido possível e que espera uma postura clara por parte dos europeus. Para ele, não faz sentido continuar protelando os consensos após 22 anos de negociações. O presidente reforçou que é o momento dos líderes dos dois lados decidirem politicamente levar o acordo adiante.
Lula também reafirmou que o Mercosul não aceita posturas como a proposta de carta adicional feita pela União Europeia, que inclui possíveis sanções relacionadas a questões ambientais. O presidente brasileiro considerou a proposta inaceitável e ressaltou o trabalho do Brasil para reduzir o desmatamento na Amazônia, assim como a Cúpula da Amazônia, que reuniu autoridades dos oito países da região em agosto.
O acordo Mercosul-UE foi aprovado em 2019 após 20 anos de negociações, mas ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. Atualmente, a negociação envolve 31 países.
Além das discussões sobre o acordo, Lula e Macron concordaram em reeditar uma parceria cultural que levará representantes da cultura brasileira à França e destaques do cenário artístico francês para o Brasil em 2025. A ação seguirá os moldes do Ano do Brasil na França e do Ano da França no Brasil, realizados nos anos 2000.
O presidente brasileiro tratou ainda de uma agenda de cooperação em áreas como defesa e meio ambiente com Macron. Lula reforçou o convite para que Macron faça sua primeira visita oficial ao Brasil e ouviu do líder francês que há previsão de que isso ocorra no primeiro semestre de 2024.
Durante a cúpula, Lula também teve seu primeiro encontro com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Os representantes sauditas demonstraram interesse em ampliar os investimentos no Brasil, principalmente nas áreas de petróleo, gás e fontes verdes. Além disso, foi acordado que uma delegação de empresários e autoridades sauditas visitará o Brasil em breve para conhecer os projetos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) abertos a investimentos estrangeiros.
As relações comerciais entre Brasil e Arábia Saudita vêm crescendo ano a ano e, em 2022, o volume comercializado chegou a US$ 8,2 bilhões. Durante a conversa, Lula também deu as boas-vindas à Arábia Saudita como novo país-membro do Brics, o bloco de países emergentes que agora conta com a participação de seis novos integrantes: Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.
No geral, as reuniões de Lula com os líderes europeus e com o príncipe saudita foram marcadas pela busca por um acordo equilibrado entre Mercosul e UE, assim como pela parceria cultural entre Brasil e França. O presidente brasileiro reafirmou a importância das compras governamentais como ferramenta para a reindustrialização do país e destacou o compromisso do Brasil com questões ambientais, como a redução do desmatamento na Amazônia. O futuro das relações comerciais entre Brasil e Arábia Saudita também foi discutido, com o interesse saudita em ampliar os investimentos no Brasil.