BRASIL – Comunidade de Boipeba, na Bahia, é reconhecida como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares.

A Comunidade de Boipeba, localizada no município de Cairu, no sul da Bahia, recebeu o reconhecimento e certificação da Fundação Cultural Palmares como remanescente de quilombo. A medida foi divulgada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (20) e será registrada no Livro de Cadastro Geral.

A ilha de Boipeba abriga não apenas a comunidade de mesmo nome, mas também as comunidades quilombolas de Moreré, Monte Alegre e São Sebastião, conhecida como Cova da Onça. Essa ilha faz parte do município arquipélago de Cairu, que é formado pelas ilhas de Tinharé, Cairu, Boipeba e outras, totalizando uma população de 17.761 habitantes de acordo com o Censo de 2022.

O reconhecimento do certificado trouxe grande felicidade para os moradores da ilha de Boipeba, especialmente para as 190 famílias que ali vivem. Benedito da Paixão Santos, conhecido como Bio, um dos moradores locais, expressou sua emoção com a notícia, afirmando que o certificado representa o reconhecimento do que eles são.

Boipeba é uma das regiões povoadas mais antigas da ilha e preserva muito da cultura afrodescendente em suas manifestações artísticas, religiosas e na forma de vida. As tradições como as Festas de Iemanjá e do Divino, o Zambiapunga e o Bumba Meu Boi reforçam a importância dessas origens.

O vilarejo de Boipeba atrai turistas não apenas pela beleza da ilha, mas também pela história do lugar e a oportunidade de conhecer as pessoas e ouvir as histórias dos anciões das comunidades. Bio ressalta o turismo como a principal atividade econômica da comunidade, que também se dedica à pesca e à agricultura de subsistência, fornecendo alimentos para os visitantes.

Apesar das belezas naturais e do potencial turístico, o município de Cairu enfrenta desafios socioeconômicos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o salário médio mensal em 2021 era de 1,7 salário mínimo, com apenas 18,1% da população ocupada. No entanto, o reconhecimento da comunidade como remanescente de quilombo abre caminhos para o acesso a políticas públicas que podem contribuir para enfrentar esses desafios.

Bio, que esteve envolvido no processo de certificação, destaca a importância dessa conquista para a comunidade. Ele é filho de dona Edite da Vida, uma parteira e benzedeira que desempenhou um papel fundamental no nascimento e cuidado da maioria das pessoas da comunidade. Agora, com o certificado em mãos, a comunidade de Boipeba pode comprovar sua identidade e lutar por seus direitos.

Portanto, o reconhecimento da Comunidade de Boipeba como remanescente de quilombo representa uma vitória para seus habitantes, possibilitando o fortalecimento de sua cultura e acesso a políticas públicas que visem melhorar as condições de vida da população local. O turismo continuará desempenhando um papel importante na economia da região, e os visitantes terão a oportunidade não apenas de apreciar as belezas naturais da ilha, mas também de conhecer a rica história e cultura quilombola de Boipeba.

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