BRASIL – STF reabre sessão para retomar julgamento sobre marco temporal para demarcação de terras indígenas

Na tarde desta terça-feira (20), o Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o julgamento da constitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. O processo, que foi suspenso no dia 31 de agosto, teve como destaque o voto do ministro Luís Roberto Barroso, posicionando-se contra a aplicação do marco temporal.

Até o momento, o placar do julgamento está em 4 votos contra a tese do marco temporal e 2 a favor. Além de Barroso, os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin também se manifestaram contrários ao marco temporal. Por outro lado, Nunes Marques e André Mendonça se posicionaram a favor da aplicação da tese.

Apesar da tendência de formação de maioria contra o marco temporal, o alcance da decisão ainda precisa ser definido, levando em consideração o voto do ministro Moraes. Em sua manifestação, Moraes foi contrário ao limite temporal, porém estabeleceu a possibilidade de indenização a particulares que adquiriram terras de “boa-fé”. De acordo com seu entendimento, a indenização deveria ser concedida aos proprietários que receberam títulos de terras do governo, sem saber que essas áreas deveriam ser consideradas como terras indígenas.

A tese defendida pelos proprietários de terras estabelece que os indígenas somente teriam direito às terras que estavam em sua posse até o dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época. Porém, os indígenas são contrários a esse entendimento.

O processo que motivou a discussão no STF refere-se à disputa pela posse da Terra Indígena Ibirama, situada em Santa Catarina. Essa área é habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani, e a procuradoria do estado questiona a posse de parte dessa terra.

A retomada do julgamento do marco temporal tem gerado grandes expectativas no cenário político e jurídico, uma vez que a decisão pode impactar a demarcação de terras indígenas em todo o país. Ainda não há previsão para a conclusão do julgamento e a definição do resultado final. O STF parece caminhar para derrubar a validade do marco temporal, porém, é importante aguardar os próximos votos e as definições sobre o alcance da decisão.

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