Uma das principais demandas dos alunos é a contratação de mais professores. Segundo eles, existem cursos que sofrem com a falta de docentes, como é o caso da Faculdade de Letras, que precisa repor quase cem professores para suprir as perdas dos últimos anos. Os estudantes exigiram também o aumento dos valores do programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE), que atualmente varia de R$ 300 a R$ 800.
Outro ponto destacado pelos manifestantes é a reativação do gatilho automático para a reposição de professores. Esse mecanismo garantia a contratação de novos docentes em caso de falecimento ou aposentadoria, mas foi desativado, o que resulta em uma diminuição gradual do número de professores disponíveis nas instituições de ensino.
A falta de professores é um problema sério enfrentado pela USP. Segundo a Associação de Docentes da Universidade, de 2014 a 2023, a universidade perdeu cerca de 1,1 mil professores, passando de 6 mil para 4,9 mil docentes. Essa redução tem causado sobrecarga de trabalho para os professores remanescentes, prejudicando a qualidade do ensino oferecido aos estudantes.
A Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas e História (FFLCH) é uma das mais afetadas pela falta de professores. Em abril de 2022, a reitoria da USP autorizou a reposição de 57 cargos na faculdade, que serão preenchidos gradualmente até 2025. No entanto, os estudantes argumentam que as 800 contratações anunciadas ainda não são suficientes para resolver o problema.
A reitoria da USP foi procurada para comentar as reivindicações dos estudantes, mas até o momento não emitiu uma declaração oficial. No entanto, em nota divulgada anteriormente, a universidade informou que disponibilizou 879 vagas para a contratação de professores em 2022.
Em relação ao apoio financeiro aos alunos, a USP afirmou que aumentou os investimentos na área de permanência estudantil em 58%. O valor do auxílio subiu de R$ 500 para R$ 800 e os alunos que moram no Conjunto Residencial da USP receberam um auxílio adicional de R$ 300. Além disso, todos os alunos têm direito à gratuidade nos restaurantes universitários. A universidade também estendeu os auxílios para os estudantes de pós-graduação, concedendo um total de 15 mil auxílios neste ano.
A manifestação dos estudantes da USP evidencia as dificuldades enfrentadas pela universidade, que precisa lidar com a falta de professores e buscar soluções para garantir a permanência e o apoio aos alunos. A mobilização dos estudantes é um sinal de que eles estão dispostos a lutar por uma educação de qualidade e por melhores condições de estudo e pesquisa. Resta agora aguardar as próximas ações da reitoria em resposta às reivindicações apresentadas.