A inspeção foi conduzida pela procuradora da República Roberta Bomfim e contou com a participação da Secretaria Municipal de Assistência Social, da Secretaria Municipal de Obras, Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano e da Secretaria Municipal de Governo. Durante a vistoria, foram constatados alguns avanços, como a construção de equipamentos públicos pelo Município de Marechal Deodoro, como Unidade Básica de Saúde (UBS), ginásio e escola. No entanto, ainda foram identificados problemas na estrutura do residencial, principalmente nas ruas, que apresentam buracos e erosão do solo. As vias de acesso, mesmo sendo asfaltadas, estão danificadas e a camada de brita, sob o asfalto, é considerada muito fina.
Dois pontos em particular chamaram a atenção durante a inspeção. Foi observada uma erosão significativa da encosta que sustenta o residencial em um dos lados, enquanto no outro lado foram encontradas construções irregulares em área de invasão. Os representantes municipais alegaram que as obras realizadas pela construtora e as intervenções da BRK Ambiental na área contribuíram para a instabilidade da encosta. Além disso, o solo apresenta alta umidade e frequentes alagamentos, o que agrava a situação. Problemas no sistema de esgotamento sanitário do empreendimento também foram apontados como agravantes para a erosão, colocando em risco as moradias mais próximas à encosta. Algumas unidades já foram interditadas e evacuadas pela Defesa Civil do Município.
Durante a inspeção, também foi notado acúmulo de lixo, que foi prontamente recolhido pela prefeitura. Segundo informações, a empresa responsável pela coleta de lixo havia sido recentemente substituída e os acúmulos de lixo não eram frequentes.
Além disso, o empreendimento financiado pelo Banco do Brasil ainda enfrenta questões relacionadas à documentação dos moradores e regularização da posse. Como medida para solucionar essas questões, ficou acordado que a Secretaria Municipal de Assistência Social irá apresentar um levantamento ocupacional do residencial ao MPF até o início de dezembro. O objetivo é identificar os atuais ocupantes das unidades, verificar se possuem documentação regularizada junto ao Banco do Brasil e mapear quantas das 236 famílias afetadas pelas enchentes de 2017 ainda residem no local. Também será investigado desde quando os moradores estão no residencial e como obtiveram acesso às moradias.