BRASIL – Déficit primário do Governo Central cai quase pela metade em agosto de 2023 em comparação ao mesmo período de 2022.

No mês de agosto deste ano, o déficit primário do Governo Central apresentou uma queda significativa em comparação ao mesmo período de 2022. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia, o déficit ficou em R$ 26,35 bilhões, enquanto em agosto do ano passado chegou a R$ 50,356 bilhões. Essa redução é resultado das mudanças no calendário de pagamento de precatórios e sentenças judiciais.

Apesar da melhoria em relação ao ano passado, o resultado ficou aquém das expectativas das instituições financeiras, que esperavam um déficit de R$ 25,1 bilhões. Em valores nominais, o resultado de agosto foi o terceiro pior da história, perdendo apenas para agosto de 2020 e 2022. Já em valores reais, ajustados pela inflação, o déficit foi o quarto maior já registrado para o mês.

No acumulado do ano, o Governo Central registra um déficit primário de R$ 104,59 bilhões, o segundo maior da série histórica em valores nominais. Em valores reais, é o quarto maior déficit da série. Vale ressaltar que o resultado primário representa a diferença entre as receitas e os gastos, excluindo o pagamento de juros da dívida pública.

Em janeiro deste ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote com o objetivo de aumentar a arrecadação e revisar os gastos públicos, buscando diminuir o déficit para aproximadamente R$ 100 bilhões em 2023. No entanto, a previsão oficial de déficit primário para este ano é de R$ 141,4 bilhões, de acordo com a Secretaria de Política Econômica.

Analisando as receitas, é possível observar uma queda em relação ao ano passado, principalmente influenciada pela mudança no calendário dos precatórios. As receitas líquidas caíram 2,8% em valores nominais e 7,1% ajustadas pela inflação. Já as despesas totais apresentaram uma queda de 14,7% em valores nominais e 18,5% após o ajuste pela inflação.

No que diz respeito às receitas administradas, relacionadas aos pagamentos de tributos, houve uma redução de 6% em agosto deste ano em comparação ao mesmo mês de 2022, ajustada pela inflação. Os principais impactos ocorreram no Imposto de Renda, com uma queda de 15,4%, e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, com uma retração de 14,4%.

As despesas com programas sociais, impulsionadas pelo novo Bolsa Família, tiveram um aumento de R$ 9,9 bilhões, descontando a inflação, em agosto deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado. Por outro lado, as despesas com abono salarial e seguro-desemprego apresentaram uma queda de R$ 569,6 milhões. Além disso, os gastos com o funcionalismo federal caíram 21,3% após a correção pela inflação.

Em relação aos investimentos, o governo federal investiu R$ 37,233 bilhões nos primeiros oito meses deste ano, representando um aumento de 32,8% em relação ao mesmo período do ano passado, ajustado pela inflação. Essa despesa tem variado devido ao ritmo variável no fluxo de obras públicas, segundo o Tesouro Nacional.

Portanto, apesar da queda no déficit primário em agosto deste ano em comparação com o mesmo mês de 2022, o resultado ficou abaixo das expectativas do mercado. As mudanças no calendário de pagamento de precatórios e sentenças judiciais influenciaram tanto as receitas quanto as despesas, e o governo segue buscando alternativas para melhorar as contas públicas e reduzir o déficit ao longo do ano.

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