BRASIL – “Pessoas em situação de rua sofrem com a falta de acesso à água em dias extremamente quentes em São Paulo, expondo a necessidade de adaptação das cidades”.

Nos últimos dias, as pessoas em situação de rua em São Paulo têm enfrentado dificuldades no acesso à água em meio ao calor extremo. A cidade registrou temperaturas acima de 35ºC e umidade relativa do ar abaixo de 35%. No entanto, as mudanças climáticas não se limitam apenas a momentos extremos, exigindo uma adaptação das cidades como um todo.

De acordo com o Levantamento do Observatório Polos de Cidadania, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais de 53 mil pessoas vivem em situação de rua em São Paulo, o que representa uma população maior do que a de quase 90% das cidades brasileiras. Para essas pessoas, encontrar água para beber e abrigo do sol tem sido um verdadeiro desafio.

Diante dessa realidade, a prefeitura de São Paulo organizou recentemente a Operação Altas Temperaturas, que inclui a distribuição de garrafinhas de água, frutas e bonés. No entanto, segundo André Soler, fundador da SP Invisível, as medidas são insuficientes. Ele ressalta que a população em situação de rua está sempre necessitando de água, e os bebedouros públicos na cidade são insuficientes para atender a demanda.

Para a professora Denise Duarte, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), é necessário pensar em ações mais estruturais para lidar com eventos extremos. Ela sugere a criação de espaços de resfriamento distribuídos pela cidade, como uma rede de oásis urbanos. Além disso, Denise propõe o aumento da vegetação e da presença de água nas áreas urbanizadas como investimento para as cidades, beneficiando não apenas as pessoas em situação de rua, mas todos os cidadãos.

É importante ressaltar que essas medidas de adaptação precisam ser implementadas com urgência. Os problemas decorrentes das mudanças climáticas afetam especialmente as pessoas mais vulneráveis, como a população em situação de rua e comunidades em assentamentos informais.

A Agência Brasil entrou em contato com a prefeitura de São Paulo em busca de posicionamento sobre o assunto, mas ainda aguarda resposta. Diante dessas questões, é imprescindível que as autoridades e a sociedade em geral voltem sua atenção para a necessidade de adaptação das cidades diante dos eventos extremos do clima, a fim de garantir condições dignas de vida para todas as pessoas.

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