No sábado (30), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) enviou equipes de veterinários e servidores do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, para apurar as causas da mortandade extrema desses mamíferos. Além da seca, a hipótese é que o calor esteja provocando as mortes de peixes e mamíferos na região.
A mobilização envolve organizações parceiras, como o Mamirauá, com ações de monitoramento dos animais ainda vivos, busca e recolhimento de carcaças, coleta de amostras da água para análises de doenças e acompanhamento da temperatura da água, que chegou a 40 graus Celsius (ºC).
“Seguimos na operação monitorando a temperatura do lago. No dia 28, a temperatura chegou a 39,1°C, caiu para 37ºC, na sexta e 32ºC, no sábado. No entanto, ontem, às 16h, subiu para 37,8°C e a gente está muito alerta. Ainda não há avanço maior para saber a causa das mortes, mas a temperatura segue como candidato principal da causa da mortalidade”, disse à Agência Brasil o integrante do instituto Mamirauá, Ayan Fleischmann.
Segundo Fleischmann, ainda não há atualização sobre o resgate dos animais ainda vivos que estão no lago. Na sexta-feira (29), o Mamirauá lançou um alerta à população que mora nas proximidades do Lago Tefé para evitar o contato com as águas do lago e também o uso recreativo.
Em entrevista ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional da Amazônia, a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Mamirauá, Miriam Marmontel, disse, no sábado (30), que esses animais acabam atuando como sentinelas da qualidade da água e são os primeiros a ser afetados com mudanças provocadas no ambiente.
“Eles nos deram o alerta e agora a gente tem que ficar atento a isso. A tendência, se não mudarmos os nossos hábitos, esses eventos vão continuar acontecendo, mais aquecimento global, mudança nos parâmetros climáticos e eles estão utilizando um ambiente que utilizamos muito, especialmente no Amazonas. A água é primordial para os amazônidas e essa água, que atualmente não está propícia para o boto, também não é propícia para o humano. Tanto para nadar, como consumir. Então que a gente fique muito alerta quanto a isso”, disse a pesquisadora.
A situação no Lago Tefé é preocupante e exige ações imediatas para evitar que mais animais morram devido às altas temperaturas e mudanças no ambiente. A morte de mais de 100 botos vermelhos e tucuxis é um sinal alarmante da deterioração da qualidade da água e do ecossistema da região.
O trabalho das equipes do ICMBio e do Mamirauá é fundamental para investigar as causas dessa mortalidade em massa e buscar soluções para reverter essa situação preocupante. A coleta de amostras da água e o monitoramento da temperatura são passos importantes para entender melhor o que está acontecendo e encontrar formas de proteger os animais que ainda estão vivos no lago.
Fica evidente que a interferência humana, como o aquecimento global e a poluição, estão afetando diretamente a vida dos botos e outros animais aquáticos. É necessário repensar nossos hábitos e adotar práticas mais sustentáveis para preservar os ecossistemas e garantir a sobrevivência das espécies.
Os botos são importantes indicadores da qualidade da água e seu desaparecimento em grande quantidade é um sinal de alerta para a saúde do ecossistema como um todo. Precisamos agir agora para evitar que mais tragédias como essa ocorram no futuro, garantindo um ambiente saudável e equilibrado para todas as formas de vida.