De acordo com Nunes Marques, não houve uma definição prévia do escopo específico para a quebra do sigilo, o que torna a medida ampla e genérica, atingindo todo o conteúdo das informações bancárias, fiscais, telefônicas e telemáticas privadas. Ele acrescentou que os aparelhos celulares atualmente contêm uma grande quantidade de dados sensíveis e pessoais de terceiros que, em princípio, não teriam interesse para investigações no âmbito do parlamento. O ministro destacou ainda que o Tribunal tem enfatizado a necessidade de que a quebra de sigilo seja proporcional ao objetivo a que se destina, não permitindo uma devassa indiscriminada da vida privada do investigado.
Além disso, Nunes Marques argumentou que o escopo da CPMI não abrangeria os atos golpistas ocorridos antes do dia 8 de janeiro. No plano de trabalho aprovado, a Comissão definiu que as investigações deveriam abranger fatos ocorridos a partir do segundo turno das eleições de 2022. Segundo o ministro, a alegação de que Silvinei Vasques está sendo investigado por permitir e incentivar a obstrução de rodovias por caminhoneiros não serve como justificativa para a quebra da confidencialidade de seus dados protegidos por lei, já que não foi demonstrada uma ligação entre as ações que levaram à instalação da CPMI e essa acusação em específico.
Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF, vem sendo acusado de tentar interferir na eleição presidencial de 2022 devido ao aumento da fiscalização em locais onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu mais votos no primeiro turno. No entanto, ele nega as acusações. O ex-PRF chegou a ser preso no início de agosto sob suspeita de tentar interferir nas eleições, e a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, pediu sua reconvocação alegando que ele teria mentido para a Comissão.
Essa decisão do ministro Nunes Marques representa um revés para a CPMI, que buscava avançar nas investigações sobre a suposta interferência de Silvinei Vasques nas eleições de 2022. Agora, a Comissão precisará rever suas estratégias e argumentar de maneira mais consistente caso queira obter novamente as quebras dos sigilos em questão. Resta acompanhar os desdobramentos desse caso e aguardar por novas decisões judiciais que possam impactar o andamento das investigações.