Ailton Krenak é eleito primeiro indígena da Academia Brasileira de Letras: Uma vitória para a cultura indígena e a preservação do meio ambiente

O filósofo, professor, escritor, poeta, ambientalista e líder ativista da causa dos povos originários, Ailton Krenak, foi eleito como novo membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta quinta-feira (5). Esta será a primeira vez que um indígena ocupará uma das cadeiras da instituição. Krenak, que já é membro da Academia Mineira de Letras desde março, assumirá a vaga deixada pelo falecido José Murilo de Carvalho.

Com 23 votos a seu favor, Krenak superou Mary Lucy Murray Del Priore, que recebeu 12 votos, e Daniel Munduruku, que obteve 4. Segundo o presidente da ABL, Merval Pereira, a escolha de Krenak se deu pelo fato de ele ser um poeta que possui uma visão de mundo muito relevante para os tempos atuais, nos quais a preocupação com o meio ambiente e as mudanças climáticas estão cada vez mais presentes. Além disso, os povos originários têm lutado cada vez mais por seus direitos e Krenak é uma voz ativa nessa causa.

Nascido em 1953 em Itabirinha, Minas Gerais, Krenak é fundador do Núcleo de Cultura Indígena, uma organização não governamental que busca promover e valorizar a cultura indígena. Durante a Assembleia Constituinte de 1987, na qual o grupo participou por meio de uma emenda popular, Krenak teve um papel ativo na defesa dos direitos de seu povo.

Além de suas atividades como ativista e líder indígena, Krenak também é autor de diversos livros, incluindo “Ideias para adiar o fim do mundo”, “A vida não é útil” e “O Amanhã não está à venda”. Suas obras foram traduzidas para mais de treze países, demonstrando sua relevância e alcance internacional.

Atualmente, Krenak reside na Reserva Indígena Krenak, em Resplendor, Minas Gerais. De acordo com Merval Pereira, Krenak trabalha incansavelmente para preservar a cultura indígena, valorizando a tradição oral e transmitindo mensagens e pensamentos importantes por meio de sua escrita. O presidente da ABL destaca especialmente o livro “Futuro Ancestral”, no qual Krenak discute a importância de preservar os rios como uma medida para garantir um futuro sustentável. Para Krenak, os rios já existiam antes da chegada do homem e é fundamental que essa conexão entre o ser humano e a natureza seja fortalecida.

Com a eleição de Ailton Krenak para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras, a instituição demonstra estar atenta à diversidade e à inclusão, abrindo espaço para vozes representativas da cultura indígena e reconhecendo a importância de suas contribuições para o cenário literário e intelectual do país.

Botão Voltar ao topo