Apesar dessa perspectiva, Valls acredita que, em um primeiro momento, não haverá impactos diretos na balança comercial brasileira, uma vez que o país não possui comércio expressivo com ambos os países envolvidos no conflito. No entanto, a pesquisadora ressalta que podem ocorrer transformações geopolíticas mais amplas como resultado do conflito, principalmente se os Estados Unidos aumentarem as sanções sobre o Oriente Médio. Nesse caso, o Brasil, que exporta significativamente para a região, poderia ser prejudicado.
De acordo com dados do período de janeiro a setembro deste ano, os principais produtos brasileiros exportados para o Oriente Médio foram carne de aves, açúcar, soja e minério de ferro, correspondendo a 4,3% da pauta brasileira. Já as importações incluíram adubo, óleos combustíveis e óleo bruto de petróleo, representando 3,3% da pauta do Brasil.
Valls destaca que o comportamento das exportações brasileiras dependerá da duração do conflito. Caso se prolongue, poderá causar impactos no comércio global, com países aumentando medidas protecionistas. No entanto, é importante ressaltar que Israel possui uma participação diminuta nas exportações brasileiras, representando apenas 0,2%, enquanto nas importações esse número chega a 0,6%. Os principais produtos exportados para Israel foram petróleo, carne bovina e soja, enquanto as importações consistiram principalmente em adubo.
Apesar disso, a economista considera que o valor do comércio entre Brasil e Israel é relativamente pequeno em comparação com a pauta global do país. Portanto, os efeitos diretos do conflito Israel-Hamas na economia brasileira podem ser limitados. No entanto, caso ocorram mudanças significativas nas relações geopolíticas e nas sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos, o Brasil pode ser afetado de forma mais substantiva. É essencial acompanhar atentamente a evolução do conflito e suas possíveis repercussões na economia global.
