Presidindo o encontro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, cobrou um consenso do Conselho de Segurança diante da ameaça de uma catástrofe humanitária. Ele destacou a responsabilidade crucial do Conselho em responder aos acontecimentos da crise humanitária atual e em intensificar as relações multilaterais necessárias para restaurar um processo de paz. Vieira ressaltou que tanto israelenses quanto palestinos não deveriam passar por sofrimentos semelhantes novamente.
Além disso, o ministro afirmou que o Brasil continuará promovendo o diálogo entre os membros, buscando abrir novas oportunidades de negociação. O objetivo imediato é prevenir mais derramamento de sangue e perda de vidas, além de garantir acesso humanitário urgente para as áreas mais atingidas.
Vieira reiterou o apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela liberação imediata e incondicional dos civis feitos reféns desde o início da crise. Ele também afirmou que o Brasil trabalha por uma solução que envolva a coexistência de dois estados, com os palestinos vivendo lado a lado, em paz e prosperidade, e fronteiras seguras e acordadas mutuamente com Israel.
O ministro manifestou preocupação com a determinação de Israel para que a população se retire da parte norte da Faixa de Gaza até a meia noite do sábado. Ele ressaltou que essa medida levaria a uma crise humanitária sem precedentes para os civis, de acordo com o posicionamento das Nações Unidas.
Como o Brasil assumiu a presidência rotativa do Conselho de Segurança, o encontro foi presidido por Vieira. Após a reunião, ele se reuniu com o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, para passar um resumo dos diálogos.
A aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU requer pelo menos 9 votos favoráveis dos 15 países membros do órgão, sem veto dos cinco membros permanentes. Um texto também pode ser aprovado com a abstenção de um desses cinco países, desde que nenhum exerça o poder de veto.
Antes de se reunir com Mauro Vieira, Guterres expressou solidariedade às famílias dos trabalhadores que morreram na Faixa de Gaza e nas demais áreas em conflito. Desde o início da ofensiva do Hamas, 11 funcionários das Nações Unidas e 23 trabalhadores de organizações humanitárias foram mortos em Gaza. Nesta sexta-feira, um cinegrafista da agência Reuters morreu no sul do Líbano.
Desde sua criação após a Segunda Guerra Mundial, o Conselho de Segurança da ONU aprovou apenas quatro resoluções. A primeira ocorreu na Guerra da Coreia, na década de 1950. Durante a Guerra Fria, o conselho ficou paralisado, mas aprovou outras três resoluções após essa fase: na invasão do Kuwait pelo Iraque em 1991, na invasão do Afeganistão após o 11 de setembro em 2001 e na intervenção militar na Líbia em 2011.