O presidente da Safernet Brasil, Thiago Tavares, alertou sobre a preocupante tendência de novos conteúdos sendo produzidos e disponibilizados na internet, colocando mais crianças em risco. Um novo fenômeno chamado de “venda de packs” ou pacotes também contribuiu para o aumento. Essas são imagens autogeradas por adolescentes, vendidas em aplicativos de mensagens como Discord e Telegram. Principalmente adolescentes em situação de vulnerabilidade socioeconômica estão produzindo e trocando essas imagens intimas por créditos de jogos e celular.
Tavares destacou que essas imagens não apenas violam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas também colocam as crianças em risco. A disseminação e a viralização dessas imagens se torna quase impossível de controlar. Esses dados divulgados pela Safernet são consistentes com as informações obtidas em operações da Polícia Federal que visam crimes cibernéticos. Somente este ano, houve um aumento de quase 70% nas operações envolvendo crianças e adolescentes como vítimas.
No entanto, Tavares ressalta que as medidas policiais não são suficientes para resolver o problema. Ele destaca que muitos dos adolescentes envolvidos são vítimas da exploração comercial de sua sexualidade e não estão buscando fama na rede. A prevenção desse problema passa pela educação sexual nas escolas, além do acompanhamento dos pais sobre o que seus filhos estão fazendo na internet.
Um estudo conduzido pelo Cetic.br do NIC.br revelou que crianças estão acessando a internet cada vez mais cedo no Brasil. Cerca de 24% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos tiveram seu primeiro acesso antes dos 6 anos de idade. Especialistas destacam a importância de supervisionar esse acesso e ressaltam a necessidade de educação sexual nas escolas para evitar a exposição a conteúdos inapropriados e ajudar as crianças a reconhecerem situações de abuso e violência.
A Safernet opta por não utilizar a expressão “pornografia infantil”, preferindo referir-se ao crime como “imagens de abuso e exploração sexual infantil” ou “imagens de abusos contra crianças e adolescentes”. Isso ocorre porque o termo pornografia implica em um consumo passivo do conteúdo, enquanto a Safernet acredita que quem consome essas imagens é cúmplice do abuso e exploração.
É fundamental denunciar páginas que contenham esse tipo de conteúdo. As denúncias podem ser feitas na Central Nacional de Denúncias da Safernet Brasil, ou acionando o Disque 100 em casos de suspeita de violência sexual contra crianças e adolescentes. A denúncia é anônima e pode ser feita por meio do formulário disponível no site www.denuncie.org.br.
É necessário que todos estejam atentos a essa grave questão e unam esforços para combater a disseminação de abuso e exploração sexual infantil na internet, protegendo as crianças e adolescentes desse terrível crime.