Embora o acesso à internet tenha aumentado em relação ao ano anterior, onde 92% dessa faixa etária tinha acesso à web, ainda existem desigualdades no acesso. Mais de 475 mil crianças e adolescentes das classes D e E afirmaram nunca ter acessado a internet, enquanto 545 mil dessas classes sociais disseram não ter acessado a internet nos últimos três meses. Isso evidencia que a desigualdade digital persiste no país.
O estudo também apontou uma mudança no padrão de acesso à internet. Anteriormente, o primeiro acesso geralmente ocorria por volta dos 10 anos, no entanto, atualmente, mais de 24% das crianças e adolescentes tiveram seu primeiro acesso até os seis anos de idade. O acesso por meio do celular é a forma mais comum de conexão, sendo mencionado por 97% dos entrevistados. O acesso pela televisão também tem aumentado nos últimos anos, chegando a 70% em 2023. Já o acesso por meio de computadores se manteve estável, em 38%, sendo mais frequente nas classes sociais de maior renda.
A pesquisa também abordou a percepção de adolescentes sobre a propaganda na internet. Cerca de 50% dos entrevistados pediram que seus pais comprassem algum produto visto na internet, e 84% relataram que sentiram vontade de adquirir algum produto após vê-lo online. Em relação à exposição a conteúdos sexuais, 9% dos usuários entre 9 e 17 anos afirmaram ter visto imagens ou vídeos de natureza sexual nos últimos 12 meses. É importante ressaltar que a propaganda direcionada a crianças e adolescentes até 12 anos é considerada ilegal de acordo com o Código de Defesa do Consumidor de 1990.
A coordenadora da pesquisa destacou que, embora a internet ofereça benefícios, como lazer, conhecimento e entretenimento, é crucial que os responsáveis acompanhem as atividades das crianças e adolescentes online. Ela ressalta que a proibição ou restrição do acesso não necessariamente protege contra os riscos, mas também limita as oportunidades. O diálogo e o acompanhamento são fundamentais para garantir um acesso seguro e consciente à internet.
A pesquisa foi realizada entre março e julho deste ano, ouvindo 2.704 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos, bem como seus pais ou responsáveis. O TIC Kids Online Brasil é realizado anualmente desde 2012, exceto em 2020, devido à pandemia de COVID-19.