A DPF havia ultrapassado a barreira dos R$ 6 trilhões em abril pela primeira vez. No entanto, mesmo com a queda de setembro, o valor atual está abaixo das expectativas previstas no Plano Anual de Financiamento (PAF), que projetava um estoque entre R$ 6,4 trilhões e R$ 6,8 trilhões para o final de 2023.
A Dívida Pública Mobiliária (em títulos) interna (DPMFi) apresentou uma queda de 3,22%, passando de R$ 6,028 trilhões em agosto para R$ 5,834 trilhões em setembro. Esse recuo se deve aos resgates líquidos realizados pelo Tesouro Nacional, que foram superiores às emissões de títulos, principalmente os vinculados à taxa Selic.
No entanto, esse resgate líquido foi compensado em parte pela apropriação de juros, que tem impacto no endividamento do governo. Com a taxa Selic em 12,75% ao ano, a apropriação de juros pressiona o aumento da dívida pública.
Em setembro, o Tesouro emitiu R$ 79,682 bilhões em títulos da DPMFi, o menor volume desde fevereiro deste ano. Já os resgates atingiram o valor de R$ 323,218 bilhões, o maior desde abril de 2021, devido ao alto volume de vencimentos no mês.
No mercado externo, a Dívida Pública Federal externa (DPFe) aumentou 3,71%, passando de R$ 237,46 bilhões em agosto para R$ 241,78 bilhões em setembro. Esse crescimento foi impulsionado pela alta do dólar, que se valorizou 1,74% no período.
O colchão da dívida pública, que consiste em uma reserva financeira utilizada em momentos de turbulência ou de vencimentos concentrados, também registrou uma queda em setembro, passando de R$ 1,025 trilhão em agosto para R$ 810 bilhões. Esse declínio ocorreu devido aos fortes resgates líquidos realizados no mês.
Atualmente, o colchão da dívida pública é capaz de cobrir 9,5 meses de vencimentos. Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,349 trilhão em títulos federais.
A composição da DPF também sofreu alterações devido ao alto volume de vencimentos. A proporção de títulos corrigidos pela taxa Selic subiu levemente, enquanto a fatia de títulos prefixados e corrigidos pela inflação também apresentou crescimento. O peso do câmbio na dívida pública passou de 4% para 4,21%.
O prazo médio da DPF aumentou de 4 para 4,41 anos, indicando uma maior confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar seus compromissos.
As instituições financeiras permanecem como as principais detentoras da DPF interna, seguidas pelos fundos de investimento e fundos de pensão. A participação dos estrangeiros na dívida pública também aumentou, atingindo o nível mais alto desde dezembro de 2021.
Através da dívida pública, o governo obtém empréstimos dos investidores e se compromete a devolver os recursos após alguns anos, com correção definida pela taxa Selic, inflação, dólar ou por meio de taxas prefixadas.