Enquanto fazia compras nesta quinta-feira (26), um dos brasileiros, Hasan Rabee, de 30 anos, presenciou uma bomba caindo próxima ao mercado da cidade Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza.
“Não dá para sair de casa. Tem que parar isso, pelo amor de Deus. É arriscado pra caramba sair. Estou aqui na feira comprando coisas e a bomba cai do lado da feira. Absurdo”, lamentou Hasan.
Hasan, que vive em São Paulo, foi para Gaza com a esposa e as duas filhas para visitar a família, poucos dias antes do início do conflito. Ele conta que não encontra água mineral nem gás de cozinha.
“Água mineral comprada a gente não tem, porque você não acha. Antigamente, 500 litros eram 10 shekels, hoje 500 litros são 100 shekels, mas você não acha nunca. Não tem energia para filtrar essa água. Fruta é muito difícil de achar na feira. A única coisa que a gente acha bastante é o pepino, o resto você não acha fácil”, relatou.
A família de Hasan também está há três dias sem gás de cozinha. “Esses recursos não valem nada se você não está achando para comprar. Comida, estamos fazendo enlatados e conservados, lata de atum, de carne e mortadela enlatada. Mesmo assim, farinha de trigo e pão a gente não encontra”, disse ele.
Hasan relatou também que estão consumindo água encanada, que só chega até o térreo do prédio, enquanto a família está no terceiro andar. “Você tem que descer com galão de 20 litros, enche e sobe depois e descarrega. É sofrimento pra caramba”, lamentou.
Outro grupo de brasileiros, composto por 16 pessoas, está na cidade de Rafah. Uma das brasileiras, Shahed al-Banna, de 18 anos, informou que também fizeram compras nesta quinta-feira. “Compramos farinha, óleo, azeite, tem verduras, queijos e shampoo”, afirmou Shahed.
Segundo o embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, todas as famílias receberam recursos e estão comprando nos mercados locais. No entanto, devido à falta de energia para a geladeira, produtos perecíveis não podem ser estocados.
Entidades de ajuda humanitária que atuam na Faixa de Gaza têm alertado que a quantidade de mantimentos que entram na região não é suficiente para atender à população. De acordo com o Escritório para Assuntos Humanitários da ONU, os cerca de 20 caminhões com ajuda humanitária que entram em Gaza diariamente representam apenas cerca de 4% do volume médio de mercadorias que entravam na região antes das hostilidades.