A Caminhada pela Vida e pela Paz teve início na década de 90 e surgiu como uma manifestação contra a violência na região. Na época, o distrito do Jardim Ângela foi considerado o local mais violento do mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU), devido às altas taxas de assassinatos.
A edição deste ano da marcha teve como mote “Saúde Mental na Quebrada é Fundamental”. O objetivo foi chamar a atenção para os transtornos causados pela violência tanto nas vítimas como em seus familiares. Agnaldo Antônio Santos, membro do Fórum Defesa da Vida do Jardim Ângela, destacou que nos últimos anos tem havido um aumento nos problemas de depressão, insônia e outros problemas pessoais na região. Além disso, mães que sofreram com a violência também marcaram presença na marcha.
Um dos casos que marcou a região ocorreu em dezembro de 2019, quando nove jovens foram mortos em uma ação da Polícia Militar durante um baile funk na favela de Paraisópolis. A maioria das vítimas morreu por asfixia devido à ação repressiva policial. Testemunhas relataram que os agentes jogaram bombas de gás lacrimogêneo em vielas estreitas, impedindo as rotas de saída dos jovens. Esse caso foi lembrado durante a marcha como exemplo da violência que afeta a região.
Débora Maria da Silva, mãe de Edson Rogério Silva dos Santos, morto em ação policial em 2006, também marcou presença na caminhada. Ela ressaltou que os filhos da periferia têm o direito de viver e que o país precisa se livrar da política do ódio. Débora enfatizou a importância de uma nova sociedade, baseada no cuidado com o outro e na justiça social.
Além das questões relacionadas à violência, os moradores reivindicaram a implantação de uma estação de metrô na região, a instalação de uma universidade pública e um instituto federal de educação. Agnaldo Santos destacou que essas demandas são antigas e esperadas há muitos anos pelos moradores.
A Caminhada pela Vida e pela Paz mostrou a união e a força dos moradores dos bairros São Luís, Jardim Ângela e Parque Santo Antônio na luta por uma vida digna e pacífica. A mobilização dessas comunidades é essencial para trazer visibilidade para os problemas enfrentados por eles e pressionar as autoridades a tomar medidas efetivas na busca por soluções.