Os atos de hostilidade começaram depois que o veículo Poder 360 publicou uma matéria em que destacava postagens da docente, intitulada como “Professora que integrou grupo do governo comemorou ataque do Hamas”. Diante desses acontecimentos, a Comissão Arns ressaltou a importância da liberdade de expressão e da pluralidade de ideias no ambiente acadêmico, reafirmando o papel da universidade na defesa dos princípios constitucionais.
Em entrevista à Agência Brasil, a professora Francirosy negou ser a favor da atuação do Hamas, esclarecendo que sua posição está relacionada à forma em que Israel se impõe e viola os direitos dos palestinos há anos. Ela também negou ter integrado o governo federal, contrariando o que foi relatado na matéria do Poder 360.
A pesquisadora também revelou que não é a primeira vez que sofre ataques na internet. Em 2016, ela passou por uma situação semelhante e, por isso, optou por fechar suas contas nas redes sociais para evitar novos episódios. As mensagens agressivas que recebeu continham tanto ataques de teor político quanto misóginos, e algumas chegaram a ameaçá-la de morte.
Mesmo com os ataques recebidos, a docente optou por não registrar queixa à polícia, mas comunicou à USP sobre a situação. No entanto, a universidade informou que não possui condições de oferecer segurança individualizada durante as aulas. Esse fato gerou receio e insegurança não apenas para Francirosy, mas também para outros colegas de trabalho que têm sido hostilizados após expressar apoio à causa palestina.
A repercussão do caso levou a pesquisadora a publicar um texto no Jornal da USP, no qual reafirma que considera o ataque do Hamas um absurdo que resultou na morte de civis. A Comissão Arns, por sua vez, é uma organização que busca dar visibilidade e apoio institucional a violações dos direitos humanos, especialmente aquelas cometidas por agentes do Estado contra pessoas e populações discriminadas.
Criada em 2019, a comissão leva o nome do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, que teve um papel importante na defesa dos direitos humanos durante a ditadura militar. Essa organização trabalha em rede com outras organizações sociais para detectar casos de violações, dar suporte às denúncias e promover ações em relação aos mesmos.
A Agência Brasil entrou em contato com o Poder 360 e a USP, mas até o momento não obteve retorno sobre o caso.