O Brasil assumiu a presidência do Conselho de Segurança em um momento altamente tenso da política internacional, liderando esforços para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza. No entanto, todas as quatro propostas de resolução sobre o conflito foram rejeitadas. A proposta articulada pelo Brasil, apesar de ter obtido a maioria dos votos favoráveis, foi vetada pelos Estados Unidos. Para uma resolução ser aprovada, ela não pode ser vetada por nenhum dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido).
O professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense, Bernando Rocher, destacou que a diplomacia brasileira tentou agir como um mediador, evitando tomar partido em relação às partes envolvidas no conflito. Apesar das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foram ora críticas ao Hamas, ora críticas à atuação militar de Israel.
O professor Rocher afirmou que a diplomacia brasileira se comprometeu em construir um acordo de cessar-fogo e criar um corredor humanitário para a população de Gaza, que está sofrendo bombardeios. Ele enfatizou que o Brasil procurou evitar conflitos e aprofundamento das tensões, atuando como um gerente da causa e não como um ator político.
Em relação a Israel, o professor destacou que o Brasil criou algumas divergências por apontar um caminho independente e soberano. Segundo ele, Israel exige uma total submissão ao seu ponto de vista. Quanto aos Estados Unidos, Rocher ressaltou que eles não veem com bons olhos outros países assumindo a liderança em momentos como esse.
Para o professor de Relações Internacionais da PUC do Paraná, Eduardo Saldanha, o papel de moderador exercido pelo Brasil no Conselho de Segurança inviabiliza a negociação com Israel, já que para isso o país teria que considerar o Hamas um grupo terrorista. Ele enfatizou que a falta de firmeza do Brasil causa desconfianças e enfraquece a diplomacia brasileira.
Já o pesquisador do Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil, Gustavo Mendes de Almeida, considera que o Brasil acertou ao não se vincular diretamente a Israel e ao condenar os ataques do Hamas. Ele ressaltou que a resolução brasileira teve ampla aceitação, mesmo sendo vetada pelos Estados Unidos. Para Almeida, a atuação do Brasil fortalece o pleito do país por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em resumo, durante a presidência do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil atuou como mediador e árbitro do conflito no Oriente Médio, buscando soluções pacíficas e evitando tomar partido. Embora tenha enfrentado obstáculos e críticas, a atuação brasileira foi reconhecida e pode fortalecer o pleito do país por um assento permanente no Conselho de Segurança.